Policiais examinam área do ataque em Brindisi que matou uma aluna de 16 anos (Donato Fasano/AFP)
Da Redação
Publicado em 20 de maio de 2012 às 10h40.
Roma, 20 mai (EFE).- O segundo turno das eleições municipais na Itália ocorre neste domingo e segunda-feira em 118 municípios, deles 19 capitais de província, em meio à comoção pelo dramático atentado deste sábado contra um colégio feminino de Brindisi e pelo terremoto registrado neste domingo no nordeste do país.
Os colégios eleitorais abriram neste domingo às 8h locais (3h de Brasília) e nesta segunda-feira o farão às 7h locais (2h de Brasília). Cerca de 3,5 milhões de eleitores confirmarão ou não a estimada derrocada dos partidos Povo da Liberdade (PdL) e Liga Norte, e a provável ascensão do Movimento Cinco Estrelas.
No entanto, a imprensa italiana está divulgando poucas notícias sobre as eleições para se concentrar nas duas grandes tragédias locais deste fim de semana. As manchetes estampam o atentado de Brindisi, incidente ainda investigado no qual uma adolescente de 16 anos morreu e outras seis ficaram feridas, e o terremoto registrado neste domingo no nordeste do país, que custou a vida de pelo menos seis pessoas e feriu outras 50.
A insegurança que predomina entre a população da Itália, temerosa de novos atos de terrorismo, investidas da máfia e ainda de desastres naturais, afetou a participação popular no pleito, segundo os analistas. Até o meio-dia local (7h de Brasília), 9,56% dos eleitores italianos haviam ido às urnas, frente aos 12,29% registrados no mesmo horário das eleições de cinco anos atrás.
Há duas semanas, o primeiro turno das eleições deste ano já havia confirmado uma queda na participação total. Após o fechamento das urnas, 66,88% dos eleitores haviam votado, contra 73,75% de cinco anos atrás.
O primeiro turno ratificou o afundamento político da centro-direita - órfã do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi - e de sua parceira Liga Norte, enquanto a centro-esquerda mostrava recuperação e triunfava a chamada 'antipolítica' do Movimento Cinco Estrelas.
Embora a rodada de duas semanas atrás tenha se realizado em apenas 942 municípios, dos quais 26 eram capitais de província, foi considerada um importante termômetro para as eleições gerais previstas para 2013, quando expira a missão do atual governo tecnocrático de Mario Monti.
Estas são as primeiras eleições durante o governo Monti, que prefere não arriscar palpites sobre o resultado das urnas, enquanto os políticos tentam observar a reação dos cidadãos às duras medidas de austeridade econômica impostas. Mas, neste segundo turno, estão em jogo várias cidades importantes. Em Gênova, o candidato da centro-esquerda, Marco Doria, que conseguiu 48,31% dos votos, enfrenta agora o candidato de centro, Enrico Musso, que obteve 15%.
Em Palermo, onde governava a centro-direita, o candidato de uma coalizão formada pela Itália dos Valores e outros partidos de esquerda, Leoluca Orlando, que conseguiu 47,5%, disputa o cargo contra o outro candidato progressista, apoiado pelo Partido Democrático (PD), Fabrizio Ferrandelli.
A 'quebra', a 'queda' e a 'derrubada' foram algumas das palavras usadas pela imprensa italiana para definir os resultados do PdL e da Liga Norte no primeiro turno.
O Movimento Cinco Estrelas - fundado em 2009 e liderado pelo comediante Beppe Grillo, claramente antieuropeísta e reflexo da insatisfação de parte dos italianos com a classe política - ficou em segundo e terceiro lugar em muitos municípios, e se proclamou o ganhador moral do primeiro turno do pleito.
É o caso de Parma, onde se enfrentam neste domingo o candidato da centro-esquerda, Vincenzo Bernazzoli, que conseguiu 39,20% dos votos, e o do Movimento Cinco Estrelas, Federico Pizzarotti, que obteve 19,47%.
Na cidade de L'Aquila, que neste domingo revive os sentimentos do terremoto de 6 de abril de 2009, concorrem à prefeitura Massimo Cialente, do Partido Democrático (PD), que alcançou 40,9% dos votos e que é apoiado por todos os grupos da esquerda, e o centrista Giorgio de Matteis (29,3%), atual vice-presidente de Conselho Regional dos Abruzos.
Nas 19 capitais de província, o PD leva vantagem em 12; a centro-direita em 3; os democratas-cristãos da União de Democratas de Centro (UDC) em outras 3; e a Itália dos Valores (IDV) do ex-juiz Antonio Di Pietro em 1. EFE