Menino paquistanês toma vacina em Karachi: esse é o primeiro atentado ocorrido em 2014 contra os membros da campanha de imunização antipólio (Rizwan Tabassum/AFP)
Da Redação
Publicado em 21 de janeiro de 2014 às 08h42.
Islamabad - Três membros de uma equipe de vacinação contra a pólio morreram nesta terça-feira após serem baleados por dois homens de moto na cidade de Karachi, no sul do Paquistão, informou à Agência Efe uma fonte policial.
De acordo com um membro da chefia de polícia para o leste de Karachi, o ataque aconteceu pouco depois das 11h locais (4h de Brasília) no bairro de Qayumabad, onde uma equipe percorria as ruas sem escolta policial.
Os mortos são duas vacinadoras e um dos assistentes da equipe.
Esse é o primeiro atentado ocorrido em 2014 contra os membros da campanha de imunização antipólio no país asiático, enquanto no ano passado morreram 30 vacinadores e escoltas em vários ataques.
Embora os talebans não costumem reivindicar as ações contra a campanha de imunização, grupos afins a eles e com base no cinturão tribal fronteiriço com o Afeganistão iniciaram em 2012 os atentados contra os funcionários da saúde.
Os fundamentalistas argumentam que tratar uma doença antes de contraí-la é "anti-islâmico", que a campanha contra a pólio faz parte de um complô ocidental para esterilizar os muçulmanos e que os vacinadores trabalham como espiões para a CIA.
A campanha violenta contra a imunização dificultou muito a proteção das crianças em diversos pontos do país, especialmente no noroeste, e levou a quantidade de casos da doença a disparar.
Após registrar 57 casos em 2012, o número subiu para 91 no ano passado, com o que o Paquistão lidera amplamente a classificação de países com maior incidência da doença, que ataca o sistema nervoso e é de fácil prevenção por vacina oral.
Há uma semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificiou a cidade noroeste de Pesháwar como o principal foco mundial do vírus da pólio e vinculou 90% dos casos registrados no país a uma variação do vírus procedente dessa cidade.
Pesháwar foi a origem, segundo a OMS, de 12 dos 13 casos que houve no vizinho Afeganistão, e vestígios dos vírus surgidos no Paquistão foram encontrados no Egito, na Síria e em Israel.
A OMS lembrou que dos três países onde a doença ainda é endêmica (os outros são Nigéria e Afeganistão), o Paquistão foi o único onde o número de casos aumentou no ano passado.