Papa João Paulo II: Agça faz uma série de confiências em seu livro "Prometeram-me o paraíso. Minha vida e a verdade sobre o atentado contra o Papa". (WikimmediaCommons)
Da Redação
Publicado em 1 de fevereiro de 2013 às 11h32.
Vaticano - O turco Mehmet Ali Agça, que tentou assassinar o Papa João Paulo II na Praça São Pedro em maio de 1981, afirma que o líder da Revolução Islâmica do Irã, o aiatolá Khomeini, foi o mandante do atentando, em uma obra publicada nesta sexta-feira na Itália.
No livro, escrito em primeira pessoa e intitulado "Prometeram-me o paraíso. Minha vida e a verdade sobre o atentado contra o Papa", Ali Agça, que tem problemas mentais, conta que chegou ao Irã após escapar da prisão turca, onde cumpria pena pelo assassinato de um jornalista.
Foi em Teerã que ele assegura ter sido "doutrinado" durante várias semanas, antes de encontrar o Guia Supremo da Revolução Iraniana.
"Ali, você deve matar o Papa em nome de Alá. Você deve matar o porta-voz do diabo na Terra, o vigário do Satã neste mundo. Morte ao líder dos hipócritas, ao guia dos infiéis. Que João Paulo II morra por suas mãos. Não duvide nunca, tenha fé, mate por Ele, mate o anticristo, mate sem piedade João Paulo II", teria dito Khomeini ao ex-extremista dos "Lobos Cinzas", citando mais uma tese a um crime nunca elucidado.
Após sua prisão, Ali Agca, em suas declarações confusas, contraditórias e exaltadas, havia inicialmente acusado a KGB e diplomatas búlgaros de estarem na origem do atentado. Agca era um extremista muçulmano de extrema-direita.
Neste novo livro, publicado pela editora Chiarelettere, Ali Agça também fornece detalhes sobre o encontro que teve com João Paulo II, quando o Papa concedeu o perdão em sua cela na prisão romana de Rebibbia, no dia 27 de dezembro de 1983.
"Quem mandou você me matar?", teria perguntado o Papa polonês, dando sua palavra de honra que nunca revelaria a verdade.
Depois da confissão de Ali Agça sobre os iranianos, o pontífice assegurou: "Como eu te perdoo, também perdoo a eles".
Em seus relatos, Agca conta toda a sua vida desde a infância, afirma "ter vivido durante anos no erro do 'nazifascismo' islâmico", e se diz arrependido: "Hoje, eu sei que Jesus Cristo é a melhor pessoa que colocou os pés nos caminhos deste mundo" , escreveu.