Homem passa com crianças pelo local do ataque: este foi o atentado mais violento na capital afegã desde 9 de março (Massoud Hossaini/AFP)
Da Redação
Publicado em 16 de maio de 2013 às 12h38.
Cabul - Pelo menos 15 pessoas, incluindo cinco americanos, morreram nesta quinta-feira em um atentado suicida com carro-bomba contra um comboio da força internacional da Otan em Cabul.
A poderosa explosão, que atingiu às 08h00 (00h30 de Brasília) o bairro residencial de Shah Shaheed, também deixou cerca de 40 pessoas que passavam pelo local feridas, incluindo muitas crianças que iam para a escola, indicaram oficiais.
Nove afegãos, incluindo duas crianças, morreram, assim como dois soldados americanos e quatro civis a serviço da Otan.
Uma fonte militar ocidental em Cabul afirmou que dois soldados e três dos funcionários civis eram dos Estados Unidos, sem fornecer maiores detalhes.
O ataque foi reivindicado pelo grupo Hezb-e-Islami do ex-primeiro-ministro e chefe de guerra afegão Gulbudin Hekmatyar.
Este foi o atentado mais violento na capital afegã desde 9 de março, quando um ataque suicida com uma bicicleta-bomba matou nove pessoas diante do Ministério da Defesa, durante a visita do secretário de Defesa americano Chuck Hagel.
A explosão, de grande potência, foi ouvida em boa parte da cidade. Os corpos ficaram tão mutilados que não foi possível identificar as vítimas, informou Sayed Kabir Amiri, diretor dos serviços hospitalares do Ministério da Saúde.
"Eu estava em casa quando ouvi uma terrível explosão e tudo tremeu", disse Mustafa à AFP.
"Todas as nossas janelas estão quebradas. Corri para fora para pegar meus irmãos mais novos na escola. Vi cinco ou seis pessoas cobertas de sangue que estavam sendo colocadas em carros de polícia", disse o jovem.
As forças afegãs isolaram a área e soldados americanos compareceram ao local.
"Cometemos o ataque, assumimos a responsabilidade", declarou por telefone à AFP Zubair Sediqi, porta-voz do grupo Hezb-i-Islami, que luta, assim como os talibãs, contra as forças internacionais lideradas por Washington.
As relações do grupo com os talibãs costumam ser conflituosas.
O pashtun Hekmatyar, ex-comandante afegão que lutou contra as tropas soviéticas (1979-89), efêmero primeiro-ministro nos anos 90 e por algum período protegido do Paquistão e dos Estados Unidos, é considerado atualmente pelas potências ocidentais um dos mais brutais senhores da guerra. Washington o procura por "terrorismo".
Desde o início de sua "ofensiva da primavera", os insurgentes intensificaram os ataques contra a força internacional, que perdeu 21 soldados, a maioria americanos.
Três soldados americanos morreram na terça-feira em uma explosão no sul do Afeganistão, na província de Kandahar, reduto histórico dos talibãs, um dia depois da morte de três soldados georgianos em um atentado suicida cometido contra uma base na província de Helmand.
A força internacional conta com quase 100.000 militares no Afeganistão sob comando da Otan. A maioria será repatriada ao fim de 2014, mas alguns países, como Estados Unidos e Alemanha, defendem a manutenção de uma presença militar no país.
Mais de 11 anos depois da invasão do Afeganistão que provocou a queda do governo talibã, os insurgentes condicionam uma eventual negociação de paz à retirada das tropas estrangeiras.