Explosão: um primeiro balanço informava sobre oito mortos e 45 feridos (REUTERS)
Da Redação
Publicado em 26 de agosto de 2016 às 09h41.
O primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, prometeu represálias contra os autores do atentado com carro-bomba atribuído aos rebeldes curdos que deixou nesta sexta-feira 11 mortos na cidade de Cizre, perto da fronteira com a Síria.
Este ataque ocorreu no início da manhã, num momento em que do outro lado da fronteira forças turcas realizam, pelo terceiro dia consecutivo, uma ofensiva militar ao mesmo tempo contra curdos sírios e contra extremistas do Estado Islâmico (EI).
Onze policiais morreram no atentado e 78 pessoas ficaram feridas, entre elas 75 policiais e três civis, informou um comunicado do governo da província de Sirnak, onde se localiza Cizre.
Um primeiro balanço informava sobre oito mortos e 45 feridos.
"Às 06h45 (00h45 de Brasília) um atentado suicida com carro-bomba foi lançado pelo grupo terrorista PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão) contra o imóvel da polícia antidistúrbios", afirma o comunicado.
"Daremos a resposta que estes criminosos cruéis merecem", declarou Yildirim em uma coletiva de imprensa. "Nenhuma organização pode tomar a Turquia como refém".
O atentado destruiu o quartel-general das forças antidistúrbios, de onde se erguia uma coluna de fumaça, segundo imagens divulgadas pela televisão. A região de Cizre, com 100.000 habitantes, está situada a 2 km da fronteira com a Síria.
O carro-bomba explodiu a 50 metros do edifício, em um posto de segurança, segundo a agência de notícias.
As forças de segurança turca são alvos frequentes dos ataques do PKK.
Desde julho de 2015, quando foi suspenso o cessar-fogo entre o governo e o PKK instaurado em 2013, os atentados curdos deixaram dezenas de mortos entre as fileiras policiais e militares.
O PKK intensificou os ataques nas últimas semanas depois do golpe de Estado frustrado contra o presidente Recep Tayyip Erdogan de 15 de julho.
- Acordo Turquia-EI -
O atentado foi registrado três dias depois do início de uma ofensiva sem precedentes de tropas turcas no norte da vizinha Síria, no âmbito da operação "Escudo de Eufrates", ao mesmo tempo contra o grupo Estado Islâmico (EI) e contra as milícias curdas da Síria.
Nesta sexta-feira, a Turquia enviou quatro tanques adicionais à localidade síria de Jarablos, da qual nesta semana os rebeldes sírios apoiados por Ancara expulsaram os extremistas do EI, constatou a AFP na fronteira turco-síria.
O fotógrafo da AFP viu mais tanques se dirigirem à fronteira e ouviu explosões procedentes de Jarablos.
Murat Karayilan, um dos chefes do PKK baseado no Iraque, acusou a Turquia de atacar mais os curdos que o EI.
A campanha militar atual é produto de um acordo entre Ancara e o EI e "o que acontece (no campo militar) é mais uma troca que uma operação militar". "Este perigoso acordo vai prolongar a duração de vida do EI", acrescentou à agência pró-PKK Firat.
Yildirim classificou de "mentira vergonhosa" as alegações de que esta operação está concentrada apenas contra os curdos. Ancara prossegue suas operações "até que a segurança de nossas fronteiras esteja 100% garantida (...)" e até "expulsar o grupo EI da região".
A Turquia desmentiu com veemência as alegações de acordos ou conivências passadas ou presentes com os extremistas.
- Conflito permanente com os curdos -
A Turquia, em conflito permanente com os curdos em seu território, encara com preocupação a ideia de que os curdos sírios formem um cinturão de territórios na fronteira.
Além de expulsar o EI, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, insistiu que a ofensiva também pretende fazer retroceder as Unidades de Proteção Populares (YPG), outra milícia curda da zona que considera que é um grupo terrorista - assim como o PKK - que busca a independência da região curda síria.
Texto atualizado às 09h41