Milhares de pessoas se manifestaram durante uma greve de 24 horas convocada pelo sindicato majoritário GSEE e o comunista PAME (Louisa Gouliamaki/AFP)
Da Redação
Publicado em 17 de janeiro de 2012 às 12h08.
Atenas - Atenas recebeu com protestos nesta terça-feira os analistas do Fundo Monetário Internacional (FMI), da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu (BCE) que chegaram à Grécia para avaliar as medidas de austeridade e as reformas realizadas pelo Governo.
Milhares de pessoas (20 mil segundo os organizadores) se manifestaram no centro da capital grega durante uma greve de 24 horas convocada pelo sindicato majoritário GSEE e o comunista PAME.
Sob a supervisão da chamada 'troika' (a equipe técnica do FMI, da Comissão e do BCE), o Governo grego iniciou uma série de medidas de economia que incluem altas de impostos e taxas, assim como cortes de despesas sociais.
A visita tem como objetivo revisar as reformas econômicas e a reestruturação de parte da dívida nas mãos de bancos privados, frente à concessão de um novo empréstimo, pactuado em outubro, no valor de 130 bilhões de euros.
Esse novo empréstimo é considerado essencial para evitar uma eventual moratória no dia 20 de março, quando a Grécia enfrenta o desembolso de 14,4 bilhões de euros em vencimentos de dívida.
'Participo da manifestação para protestar contra os ataques a nossos salários e os contratos indefinidos', disse à Efe Markos Garbis, um professor da escola secundária cujo salário passou de 1.350 a cerca de mil euros.
Segundo este professor, os cortes sociais e a demissão de professores estão piorando as condições do ensino ao aumentar o número de estudantes por sala de aula, algo que é agravado no bairro onde trabalha, um distrito operário castigado pelo desemprego.
'Os pais de alguns dos meus estudantes trabalham na Siderúrgica grega e estão há mais de 70 dias parados. Muitos estão deprimidos e sentem que não há futuro', afirmou.
Outro manifestante, Tassos Selekos, viu seu salário reduzido à metade após 25 anos trabalhando para o grupo farmacêutico Alapis, cujo proprietário, Lavrentis Lavrentiadis, está sendo investigado por desvio de fundos após a quebra do Banco Proton no ano passado, através do qual descapitalizou parte do grupo empresarial.
'O grupo Alapis foi o que mais benefícios obteve em todo o setor farmacêutico grego, e mesmo assim a maioria de seus trabalhadores foram despedidos ou foi reduzido o seu salário. Alguns trabalhadores só são empregados um dia por semana e recebem 150 euros ao mês', denunciou.
Segundo fontes do GSEE consultadas pela Agência Efe, a adesão à greve é de 80%. Além disso, a maior parte das lojas de departamento e grandes empresas de Atenas permaneceram fechadas.
Duas das três linhas de metrô da capital não abriram suas portas, enquanto uma terceira só abrirá no início e no final do dia, da mesma forma que os ônibus, trolebus, bondes e trens suburbanos. Os portos de Ática permanecem inativos, mas a greve não afeta os aeroportos.
Também participam da greve os professores e profissionais de saúde, além dos advogados, que protestam pela liberalização de sua profissão, e os jornalistas, dois setores que prolongarão a greve durante 48 horas.
Até o momento, as manifestações transcorreram em calma, embora, segundo informou à Efe a Direção de Polícia de Atenas, ao término das manifestações desconhecidos agrediram um agente e lhe roubaram uma arma.
Os principais sindicatos e associações patronais estão mantendo reuniões esta semana para tratar sobre a redução dos custos trabalhistas não salariais, depois que foi criticado um acordo alcançado pelos atores sociais para manter o poder aquisitivo dos salários nos próximos três anos e exigiram a redução do salário mínimo.
O Governo grego conseguiu manter o salário mínimo, mas na segunda-feira avisou através de seu porta-voz, Pantelis Kapsis, que se o pacto entre a patronal e os sindicatos não for convincente, o Executivo realizará sua própria reforma laboral.