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Até 11 de março, comparação com Chernobyl era 'impensável' no Japão

Jornal Asahi publicou um artigo em 1986, no qual autoridades japonesas descartavam proximidade entre usina de Chernobyl e as presentes no país

Pichação no muro da cidade fantasma de Pripyat com reator 4 de Chernobyl ao fundo (Sergei Supinsky/AFP)

Pichação no muro da cidade fantasma de Pripyat com reator 4 de Chernobyl ao fundo (Sergei Supinsky/AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de maio de 2011 às 08h58.

Tóquio - Em abril de 1986, após a explosão na central nuclear soviética de Chernobyl, as autoridades japonesas consideraram "impensável" que algo semelhante acontecesse no Japão.

Entretanto, o acidente na central nuclear de Fukushima, após o terremoto seguido de tsunami de 11 de março, mostrou que o temor de muitos japoneses já em 1986 tinha fundamento.

Em um artigo publicado no jornal Asahi em 30 de abril de 1986, as autoridades japonesas afirmam que "o reator de Chernobyl é um tipo de reator soviético que não existe no arquipélago, onde os modelos projetados contam com dois ou três sistemas de segurança".

Naquela época, o Japão - que tinha 32 reatores em atividade - dispunha da quarta maior capacidade de produção do mundo, atrás de Estados Unidos, França e da União Soviética.

"Até 1967, quando o Japão examinou a construção de uma nova geração de reatores, foram descartadas as ofertas russas, já que as garantias de segurança eram insuficientes", destacou por sua vez o periódico econômico Nikkei no final de abril de 1986.

No Japão, os reatores com mais de um ano de uso "são paralisados durante três meses para manutenção ".

"Em comparação com outros países, o Japão tem muito cuidado em matéria de segurança", insistia o governo.

Entretanto, 15 dias depois da explosão de Chernobyl, diferentes organizações japonesas exigiam o fechamento "de todas as centrais atômicas do país".


Segundo a imprensa da época, o governo indicava que, "mesmo supondo que houvesse um problema em um reator japonês, não haveria vazamentos radioativos fora" da central.

Para a televisão pública NHK, era praticamente certo, até o fim de abril de 1986, que Chernobyl seria "o acidente nuclear mais grave da história".

Vinte e cinco anos depois, as autoridades japonesas acabam de aumentar para 7 na classificação internacional INES de eventos nucleares o nível de gravidade do acidente da central de Fukushima, ou seja, "o mesmo nível que o de Chernobyl", notaram imediatamente todos os jornais japoneses.

No domingo, cinco semanas depois do primeiro acidente na usina, a operadora de Fukushima estimou que será necessário esperar três meses para que a radioatividade comece a baixar, e entre seis e nove meses para que os reatores comecem a esfriar.

Embora as causas e consequências dos dois desastres tenham sido bem diferentes, a comparação com Chernobyl lembra a "morte por irradiação", as regiões transformadas em desertos, a contaminação massiva, as milhares de pessoas irradiadas com níveis muito maiores que o admitido e o câncer em massa.

Além disso, entre 1986 e 2011, o número de reatores no arquipélago aumentou consideravelmente, como previa um plano energético de longo prazo elaborado em 1987.

As centrais nucleares do país tiveram vários problemas, em particular um crítico, em Tokai-mura em 1999, a menos de 150 quilômetros a nordeste de Tóquio, após um erro de manipulação. O Japão possui atualmente 55 reatores.

"É óbvio que o acidente de Fukushima vai provocar novos debates no Japão e mudar o futuro da energia nuclear", estima um especialista.

No entanto, na opinião de um industrial, "eletricidade de origem nuclear não será abandonada no arquipélago".

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