NICARÁGUA: manifestantes homenageiam mortos durante protestos contra presidente Daniel Ortega / (Jorge Cabrera/Reuters)
EFE
Publicado em 23 de junho de 2018 às 16h56.
Última atualização em 23 de junho de 2018 às 17h54.
Manágua - Pelo menos 5 pessoas morreram nas últimas horas, entre elas um bebê de um ano e meio, em ataques simultâneos das "forças combinadas" do governo da Nicarágua nas regiões leste e sudoeste de Manágua, informou neste sábado o Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh).
"Temos informação de pelo menos 5 mortos: dois nos bairros de cima (leste), e dois na região da Universidade Nacional Autônoma da Nicarágua (Unam-Manágua). Aqui podem ser três, mas não confirmamos o último", disse à Agência Efe a porta-voz do Cenidh, Georgina Ruiz.
A criança e um homem adulto morreram em operações diferentes, durante tiroteios iniciados ontem à noite nos bairros do leste de Manágua, pelas chamadas "forças combinadas", compostas por policiais, paramilitares e grupos pró-governo, disse Georgina.
Os dois mortos na Unan, ao sudoeste de Manágua, eram estudantes que faziam parte do grupo de dezenas de universitários que estão entrincheirados no campus desde abril.
O ataque ao leste de Manágua seguiu o mesmo roteiro dos anteriores, já que ocorreu depois de um blecaute, antes da meia-noite, com tiroteios que aumentaram gradualmente, até ser mais intenso ao amanhecer, indicou Georgina.
Pelo menos 15 pessoas ficaram feridas durante os ataques deste sábado em Manágua, até o momento em que uma representação de bispos da Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN) se dirigiu à Unam para evitar mais mortes, de acordo com o Cenidh.
O ataque ocorreu no mesmo momento em que a CEN, mediadora do diálogo nacional para resolver a crise sociopolítica do país, solicitou ao presidente Daniel Ortega que aceite eleições antecipadas para março de 2019, e convocou uma reunião para segunda-feira da mesa de negociações.
Hoje se completam 67 dias na Nicarágua da crise mais sangrenta desde nos anos 80, com Ortega também como presidente.
Os protestos contra Ortega e sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo, foram motivados por uma proposta de reforma da Previdência, que não prosperou, e se transformaram em um pedido de renúncia do líder, depois de 11 anos no poder, com acusações de abuso e corrupção.