O ataque acontece em meio às tentativas do governo do país para firmar um cessar-fogo por ocasião da festividade muçulmana do Eid al Adha (Mohammad Ismail/Reuters)
EFE
Publicado em 15 de agosto de 2018 às 15h14.
Cabul - Cerca de 50 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em um atentado suicida cometido nesta quarta-feira em um centro educacional em Cabul, a capital do Afeganistão, e que acontece em meio às tentativas do governo do país para firmar um cessar-fogo por ocasião da festividade muçulmana do Eid al Adha, "a festa do sacrifício".
O bairro de Dasht-e-Barchi, que é majoritariamente habitado por xiitas, uma minoria que é alvo frequente dos insurgentes, foi sacudido por uma forte explosão por volta das 16h locais (8h30 em Brasília), indicou à Agência Efe o porta-voz da polícia de Cabul, Hashmat Stanekzai.
Um insurgente suicida detonou os explosivos que levava junto ao corpo no interior do Centro Educativo Mawoud, no distrito policial número 18, e no qual havia centenas de alunos no momento do ataque.
"O agressor suicida detonou os explosivos presos a seu corpo dentro de uma sala de aula do Centro Educativo Mawoud", detalhou o porta-voz policial.
A escola é um centro educativo privado no qual estudam principalmente menores de idade, tanto meninos como meninas, afirmou o chefe do Departamento de Investigação Criminal da polícia de Cabul, Salem Almas, em seu grupo oficial de WhatsApp.
Aparentemente, a detonação aconteceu no último andar do edifício, onde os estudantes do instituto se preparavam para o seu exame de acesso à universidade.
O porta-voz do Ministério de Saúde Pública afegão, Wahidullah Majroh, confirmou para a Agência Efe que 48 corpos deram entrada em diversos hospitais, mas são números preliminares e as autoridades ainda estão "coordenando" os balanços procedentes de vários centros de saúde.
Entre as vítimas há menores de idade, mas não está claro quantos.
Esta não é a primeira vez que os insurgentes atacam um centro xiita, com casos de atentados contra edifícios culturais e religiosos, especialmente da minoria étnica hazara, mas não são habituais os atentados contra escolas particulares, que não costumam contar com guardas de segurança.
O presidente afegão, Ashraf Gani, afirmou que os ataques a essas instituições vão contra as "doutrinas islâmicas" e ordenou às autoridades que averiguem a fundo o ocorrido e proporcionem ajuda "imediata" às vítimas, segundo um comunicado do Palácio Presidencial.
O último ataque contra a comunidade xiita aconteceu no início do mês na província de Paktia, no leste do país, onde 30 pessoas morreram e 81 ficaram feridas em um ataque suicida contra uma mesquita da minoria xiita hazara, cometido por dois insurgentes disfarçados com burkas.
Os ataques contra a comunidade xiita costumam ser reivindicados pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI) e, no ataque de hoje em Dasht-e-Barchi, os insurgentes talibãs rejeitaram qualquer responsabilidade pela ação.