Ataque no Iêmen: governo do Irã e o grupo terrorista Hamas, condenaram a ofensiva e alertaram que o incidente teria consequências para a região (Anadolu/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 12 de janeiro de 2024 às 11h48.
Integrantes do chamado "eixo da resistência" — movimentos armados e regimes do Oriente Médio que se opõem à influência do Ocidente na região e ao Estado de Israel — prometeram retaliação ao ataque lançado por Estados Unidos e Reino Unido contra os rebeldes houthis, no Iêmen, na madrugada desta sexta-feira (noite de quinta no Brasil).
A liderança do grupo iemenita prometeu retaliação aos bombardeios ocidentais, enquanto aliados de primeira ordem, como o governo do Irã e o grupo terrorista Hamas, condenaram a ofensiva e alertaram que o incidente teria consequências para a região.
Em um comunicado, o grupo prometeu "punir ou retaliar" os ataques, ao passo que porta-vozes houthis se revezaram em aparições públicas para condenar o ataque e prometer uma escalada após os bombardeios na madrugada desta sexta-feira (noite de quinta no Brasil).
— Não é uma opção para nós não responder a essas operações — afirmou Mohammed Abdul Salam, um dos porta-vozes do grupo, em entrevista a Al-Jazeera. — Agora, a resposta, sem dúvida, será mais ampla.
Em um discurso transmitido na TV estatal horas antes do ataque, o líder dos houthi, Abdel-Malik al-Houthi, afirmou que qualquer ação americana teria uma "resposta direta", maior do que ataques realizados anteriormente, com uso de drones e mísseis.
Washington e Londres lideraram o ataque contra posições houthis nas cidades Sanaa e Hodeidah, em resposta às agressões dos rebeldes contra navios comerciais no Mar Vermelho. Os houthis falam em 73 bombardeios, que mataram cinco pessoas e feriram outras seis. Caças e mísseis Tomahawk foram usados na ofensiva, segundo a imprensa americana. A ação foi apoiada por outros oito países, entre eles o Bahrein.
Em um comunicado conjunto assinado pelos países, o ataque foi descrito como uma "ação defensiva", para dissuadir o grupo rebelde a interromper os ataques a navios no Mar Vermelho — rota por onde passa cerca de 12% do comércio marítimo mundial. Em um discurso, o presidente americano, Joe Biden, descreveu o objetivo da missão como sendo "desanuviar as tensões e restaurar a estabilidade" na região.
A reação entre os aliados houthis e desafetos geopolíticos das potências ocidentais, no entanto, foi no sentido contrário, com condenações ao ataque e alertas de que qualquer ação agressiva acrescentaria uma nova camada de insegurança e instabilidade na região, já sob tensão em meio à guerra entre Israel e Hamas em Gaza.
O grupo terrorista palestino foi um dos que saiu em defesa dos houthis. Em um comunicado, o Hamas apontou que EUA e Reino Unido deveriam assumir a responsabilidade por eventuais desdobramentos indesejáveis da ofensiva.
"Condenamos veementemente a flagrante agressão anglo-americana no Iêmen. Nós os responsabilizamos pelas repercussões na segurança regional", dizia o comunicado.
O Irã se referiu ao ataque ocidental como "uma violação à soberania e à integridade territorial" do país árabe e como uma "flagrante violação da lei internacional". Teerã indicou, ainda, que os bombardeios no Iêmen configuram parte do apoio à ofensiva de Israel contra Gaza.
— Os ataques militares são realizados em linha com o total apoio dos EUA e do Reino Unido nos últimos cem dias aos crimes de guerra do regime sionista contra o povo palestino inocente, que está sob cerco total na Faixa de Gaza — disse Nasser Kana'ani, porta-voz da chancelaria iraniana, em pronunciamento repercutido pela agência Fars. — Enquanto o regime sionista continua com os seus crimes de guerra em Gaza e na Cisjordânia, os EUA e o Reino Unido estão tentando desviar a atenção global da agressão do regime contra o povo palestino, aumentando o seu apoio a ele.
O porta-voz acrescentou ainda que os ataques aumentam "a insegurança e a instabilidade" na região