Prédios danificados na Síria: EI proclamou califado no final de junho no Iraque e Síria (Hosam Katan/Reuters)
Da Redação
Publicado em 5 de março de 2015 às 15h58.
Beirute - Helicópteros do governo sírio bombardearam nesta quinta-feira a cidade de Alepo, norte do país, matando pelo menos 18 pessoas e deixando dezenas de feridas, informaram ativistas.
O ataque aconteceu embora o presidente Bashar Assad tenha negado veementemente, em entrevista à televisão estatal portuguesa, que suas Forças Armadas usem as chamadas bombas de barris contra civis. "Estamos falando sobre propaganda", disse Assad em entrevista.
O ataque aéreo contra um bairro controlado pelos rebeldes foi uma aparente represália a um ataque, realizado um dia antes por combatentes da oposição, contra um prédios usado pelos serviços de inteligência do governo.
Aeronaves sírias já lançaram centenas de bombas de barril durante a guerra civil, matando milhares de civis e provocando muita destruição. A tática, que geralmente envolve o lançamento de cilindros cheios de explosivos dos helicópteros, é muito criticada por grupos de defesa dos direitos humanos, porque as bombas não são precisas.
O ativista de Alepo Abu Raed disse que uma bomba de barril atingiu um estabelecimento comercial que vendia gasolina e óleo diesel. Segundo ele, o local se incendiou rapidamente e muitas pessoas que estavam próximas sofreram queimaduras.
Segundo Raed, o ataque contra o bairro de Qadi Askar matou pelo menos 20 pessoas. Já o Observatório Sírio pelos Direitos Humanos, grupo sediado em Londres, afirma que os mortos foram 18.
O ataque aéreo foi realizado depois de a Frente Nusra, grupo afiliado à Al-Qaeda, e outras facões islâmicas radicais, terem lançado um ataque a um prédio da inteligência em Alepo, explodindo parte das instalações, antes de tentar invadi-las.
"Isso foi um ato de vingança", disse Abu Raed referindo-se aos ataques aéreos.
A crise na Síria teve início em março de 2011 e matou mais de 220 mil pessoas, número contestado por Assad durante a entrevista. Segundo o presidente, há um exagero na estimativa. "Vivemos um desastre humanitário na Síria", declarou Assad.
Assad previu que os 5 mil rebeldes moderados que os Estados Unidos esperam treinar para lutar contra o Estado Islâmico irão, eventualmente, se unir aos militantes. Ele estava se referindo às facções apoiadas pelo Ocidente que já lutam contra o Estado Islâmico e têm sido derrotadas pelo grupo e pela Frente Nusra.
Em fevereiro, o Departamento de Estado norte-americano disse que os Estados Unidos haviam escolhido 1.200 rebeldes sírios moderados para participar de um treinamento na Turquia, Arábia Saudita e Catar.
O Congresso norte-americano aprovou uma lei autorizando a medida e o fornecimento de US$ 500 milhões para o treinamento de cerca de 5 mil rebeldes até o próximo ano.