Jay Carney, porta-voz da Casa Branca: o relatório não apresenta dados sobre um dos assuntos mais controvertidos em torno ao ataque, o de seus motivos e autores (Kevin Lamarque/Reuters)
Da Redação
Publicado em 15 de janeiro de 2014 às 15h36.
Washington - Um relatório bipartidário da Comissão de Inteligência do Senado dos Estados Unidos divulgado nesta quarta-feira conclui que o ataque contra o consulado americano em Benghazi, na Líbia, em setembro de 2012, poderia ser evitado, e culpa o Departamento de Estado por não ter aumentado a segurança apesar das advertências prévias.
O ataque "podia ser prevenido, sobre a base de amplos relatórios de inteligência sobre a atividade terrorista na Líbia e levando em conta as deficiências de segurança conhecidas na missão americana", sustenta o relatório.
"Apesar da deteriorada situação de segurança em Benghazi e a amplas advertências, o governo americano simplesmente não fez o suficiente para evitar o ataque e garantir a segurança dos que ali serviam", comentou o senador republicano Saxby Chambliss, vice-presidente do Comitê de Inteligência.
O ataque atingiu o consulado e um anexo da CIA, aconteceu em 11 de setembro de 2012, em coincidência com o aniversário dos atentados terroristas de 2001, e nele morreram o embaixador americano na Líbia, Chris Stevens, e outros três funcionários.
Segundo o relatório, a resposta militar ao ataque foi "lenta" e esteve cheia de obstáculos, e a CIA sabia há semanas que as condições de segurança em Benghazi estavam piorando.
Além disso, o documento assinala que a investigação do FBI sobre o ataque se viu obstaculizada no interior da Líbia, com 15 assassinatos de pessoas de apoio ou úteis para o processo.
O relatório não apresenta mais dados sobre um dos assuntos mais controvertidos em torno ao ataque, o de seus motivos e autores.
O governo atribuiu em princípio o atentado a protestos "espontâneos" por um vídeo produzido nos EUA que criticava o islã, mas depois mudou de versão e desde então sustenta que foi um ataque terrorista.
Os republicanos acusaram o governo de disfarçar a realidade por razões eleitorais, já que faltavam apenas dois meses para os pleitos presidenciais, e fizeram com que a então secretária de Estado, Hillary Clinton, ordenasse uma investigação independente.
Em resposta ao relatório da Comissão de Inteligência do Senado, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse aos jornalistas que "reforça" o que outras investigações concluíram sobre as deficiências de segurança no complexo de Benghazi.