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Associações LGBTQIA+ desaconselham seus torcedores a irem ao Catar

Apesar do aconselhamento, o próprio emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani, afirmou que o país tem suas portas abertas pra todos os simpatizantes, sem qualquer tipo de descriminação

LGBTQIA+: No Catar, a homossexualidade é considerada crime (Javier Zayas Photography/Getty Images)

LGBTQIA+: No Catar, a homossexualidade é considerada crime (Javier Zayas Photography/Getty Images)

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AFP

Publicado em 17 de novembro de 2022 às 12h30.

Última atualização em 17 de novembro de 2022 às 20h41.

"As mensagens não foram boas". É o que afirmam as associações europeias em defesa das pessoas LGBTQIA+, que não estão convencidas das garantias do Catar de receber os visitantes sem discriminação durante a Copa do Mundo, que começa no domingo (20). 

No pequeno emirado, as relações sexuais fora do casamento e as relações homossexuais são criminalizadas. No entanto, o próprio emir (Líder do Estado) garantiu que o seu país abriria "as portas a todos os simpatizantes, sem discriminação", perante os membros das Nações Unidas no dia 20 de setembro.

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A FIFA também reitera que as bandeiras do arco-íris serão bem-vindas nos estádios. Por outro lado, isso não é suficiente para convencer as associações a incentivarem seus membros a irem ao Catar.

Na quarta-feira, o respeitado jornalista esportivo americano Grant Wahl publicou em sua conta no Twitter as instruções dadas às forças de segurança de que "as pessoas que usam as cores do arco-íris" ou "demonstram sinais de afeto nas ruas, fan zones ou estádios, não serão abordadas, presas ou processadas".

De acordo com o Human Dignity Trust, com sede em Londres, "há poucas evidências da aplicação da lei nos últimos anos e a extensão da discriminação e violência contra pessoas LGBTQIA+ não é clara".

No entanto, quase todas as associações entrevistadas pela AFP garantiram que nenhum dos seus membros viajaria para o Catar, principalmente devido aos sinais divergentes enviados, segundo as organizações.

Um ex-jogador de futebol do Catar, Khalid Salman, "embaixador" da Copa do Mundo, que descreveu a homossexualidade como "dano mental" durante uma entrevista ao canal público alemão ZDF, antes de lamentar que sua declaração tenha sido "tirada de contexto", reiterou: "Todos serão bem-vindos, mas nossa religião e nossa cultura não mudarão por causa do campeonato".

"Boicotamos totalmente o evento"

"A cada dois dias eles nos dizem que somos bem-vindos e no dia seguinte mudam de ideia. As mensagens não foram boas", resume o francês Bertrand Lambert, vice-presidente da PanamBoyz&Girlz United. 

"No fim, muita gente decidiu não ir. Nós, por exemplo, estamos boicotando totalmente o evento", enfatiza.

"Ouvimos várias vezes, com uma insistência robótica, que estaremos seguros, que seremos bem-vindos, mas isso não é apoiado por nenhum elemento concreto ou projeto documentado", considera Di Cunningham, co-fundador da "Three Lions Pride ", cujos membros decidiram não viajar.

Segundo essa associação, "ao contrário do que aconteceu na Rússia (durante a Copa de 2018), não há sinais de uma possível vontade de melhorar" as coisas para as pessoas LGBTQIA+.

O Catar "não é um ambiente no qual as pessoas LGBTQIA+ possam razoavelmente esperar se sentir seguras", escreveu a diretora de programas Liz Ward, no site da ONG StoneWall, com sede no Reino Unido, uma das maiores da Europa.

"Infelizmente, a nossa indignação não é nova: sabíamos da situação quando este país foi escolhido", explica Rubén López, da federação que reúne a maioria das associações espanholas, e insiste na "vergonha de ter escolhido" o Catar.

Conforme tinha anunciado, assim como outros sete capitães que manifestaram sua intenção, o goleiro francês Hugo Lloris não usará a pulseira colorida inclusiva, enquanto várias equipes pretendem fazer gestos em prol da comunidade LGBTQIA+.

O avião oficial da Alemanha traz uma mensagem inclusiva em sua fuselagem e o centro de concentração da equipe dos EUA será decorado com uma bandeira do arco-íris.

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