Kellyanne Conway: "Vão comprar as coisas de Ivanka. Eu mesma vou atrás de algumas hoje", disse a assessora (Yuri Gripas/Reuters)
Reuters
Publicado em 9 de fevereiro de 2017 às 21h09.
Washington - A assessora da Casa Branca Kellyanne Conway foi alvo de fortes críticas e reclamações por usar a sua posição para promover a linha de roupas de Ivanka, filha do presidente Donald Trump, um dia depois de Trump atacar uma loja por não mais vender os produtos.
Normas éticas federais proíbem funcionários do Executivo de usar as suas posições para apoiar produtos ou para os ganhos privados de amigos.
"Vão comprar as coisas de Ivanka. Eu mesma vou atrás de algumas hoje", disse Kellyanne Conway à Fox News numa entrevista na Casa Branca. "Eu vou fazer um comercial gratuito aqui: Vão todos e comprem hoje."
O republicano Jason Chaffetz, presidente do comitê de supervisão da Câmara dos Deputados, afirmou à The Associated Press que a promoção da marca "claramente ultrapassou a linha, inaceitável".
A porta-voz de Chaffetz, M.J. Henshaw, confirmou seus comentários.
As organizações Citizens for Responsibility and Ethics (Cidadãos pela Responsabilidade e a Ética) em Washington e Public Citizen (Cidadão Público) apresentaram reclamações ao Escritório de Ética do Governo e ao Escritório de Aconselhamento da Casa Branca.
"Isso é uma violação da norma", afirmou Norman Eisen, que foi da assessoria de ética do presidente democrata Barack Obama, à MSNBC. "Isso é um assunto sério."
O principal democrata no comitê de fiscalização da Câmara dos Deputados, Elijah Cumming, pediu à comissão para levar o tema ao Escritório de Ética do Governo para possível ação disciplinar.
O Escritório não respondeu aos pedidos por comentários.
Na quarta-feira, Trump havia atacado a rede de lojas Nordstrom por deixar de vender os produtos da filha, gerando críticas intensas de que estaria usando a plataforma da Casa Branca no Twitter para intervir num assunto comercial envolvendo negócios da família.
Ivanka Trump havia dito que se distanciaria da empresa quando o seu pai assumisse o poder.
Perguntado nesta quinta-feira se Kellyanne Conway havia quebrado normas éticas, Sean Spicer, porta-voz da Casa Branca disse: "Ela foi aconselhada sobre o assunto, e é isso".