Michael Flynn: assessor admitiu que deu "informações incompletas" a Mike Pence sobre conversas com embaixadores (Carlos Barria/Reuters)
Agência Brasil
Publicado em 14 de fevereiro de 2017 às 06h33.
Com menos de um mês à frente do governo dos Estados Unidos, o presidente Donald Trump já enfrenta a primeira crise de gabinete.
Michael Flynn, a principal autoridade na área de segurança norte-americana, renunciou, após escândalo sobre uma conversa que teve com um embaixador russo nos Estados Unidos, Sergei Kisliak.
Trump nomeou o general Joseph Keith Kellogg Jr. interinamente em seu lugar, enquanto inicia os contatos para encontrar um nome definitivo para o posto.
A renúncia de Flynn ocorreu depois de notícias de que ele enganou o vice-presidente norte-americano, Mike Pence, e outros funcionários do governo e mentiu sobre o teor de suas conversas com o embaixador da Rússia antes mesmo de Trump tomar posse.
Em carta de demissão, cujo texto foi enviado pela Casa Branca, por e-mail, aos repórteres, Flynn disse que fez vários telefonemas para o embaixador russo durante o período de transição do ex-presidente Barack Obama para Donald Trump.
Na carta, ele admitiu que deu "informações incompletas" a Pence sobre essas conversas.
Flynn disse a Pence que não discutiu com autoridades russas as sanções dos Estados Unidos contra a Rússia, aprovadas pelo então presidente Obama nos dias que antecederam a posse de Trump.
Essa garantia dada pelo ex-conselheiro de Segurança Nacional levou Pence a defender Flynn em várias entrevistas à televisão.
Mas, nessa segunda-feira (14), a imprensa norte-americana noticiou que o Departamento de Justiça advertiu a Casa Branca que Flynn não tinha sido totalmente franco sobre suas conversas com o embaixador russo.
Para o Departamento de Justiça, Flynn ficou vulnerável a possíveis chantagens de autoridades russas por não ter contato toda a verdade para Pence.
Na carta, Flynn afirmou que fez inúmeros telefonemas a funcionários estrangeiros durante a transição.
"Infelizmente, por causa do rápido ritmo dos eventos, eu inadvertidamente informei o vice-presidente eleito e outros com informações incompletas sobre meus telefonemas com o embaixador russo", acrescentou no documento. "Sinceramente, pedi desculpas ao presidente [Trump] e ao vice-presidente [Mike Pence], que aceitaram minhas desculpas".
Flynn era um admirador da candidatura de Trump e, em sua carta de renúncia, procurou elogiar o presidente. "Em apenas três semanas", disse Flynn, o novo presidente "reorientou a política externa norte-americana de maneira fundamental para restaurar a posição de liderança americana no mundo".
O FBI - a polícia federal norte-americana, vinha examinando os telefonemas de Flynn, antes mesmo de ele passar por questionamentos crescentes sobre o conteúdo de suas conversas com autoridades russas.
O alerta sobre o risco de chantagem, feito pelo Departamento de Justiça, estaria ligado às tentativas de Flynn de esconder pistas sobre as conversas telefônicas.
Porém, para o Departamento de Justiça, os russos têm os registros do que foi falado nos telefonemas e, dessa forma, poderiam chantagear Flynn e expor o verdadeiro conteúdo das conversas caso o ex-conselheiro de Segurança Nacional quisesse fazer algo que pudesse prejudicar a Rússia.