"No momento em que um meio de investigação foi introduzido no banheiro, o assassino saiu do banheiro atirando com extrema violência", afirmou o ministro francês do Interior (Lionel Bonaventure/AFP)
Da Redação
Publicado em 23 de março de 2012 às 19h46.
Toulouse - Mohammed Merah, que alegava pertencer à Al-Qaeda e era suspeito de matar sete pessoas nos últimos dias em Toulouse, morreu durante a invasão da polícia a seu apartamento depois de pular pela janela enquanto ainda atirava, afirmou o ministro francês do Interior, Claude Guéant.
"Mohammed Merah pulou da janela ainda atirando", afirmou o ministro aos jornalistas, acrescentando que "ele foi encontrado morto no chão".
"No momento em que um meio de investigação foi introduzido no banheiro, o assassino saiu do banheiro atirando com extrema violência. As rajadas foram frequentes, muito duras. Um funcionário da Raid (a força de elite da polícia) que está acostumado com intervenções disse que nunca viu uma operação com tanta violência", completou Guéant.
Um policial envolvido na operação afirmou que jamais viu um ataque tão violento.
As trocas de tiros - 300 cartuchos no total - feriram três policiais, um deles em estado grave.
Antes do desfecho, foram ouvidos intensos tiroteios e explosões durante cinco minutos perto do apartamento em que Merah estava entrincheirado há 32 horas.
Em seguida, os agentes da unidade de elite da polícia francesa entraram no apartamento de Mohamed Merah.
"Eles avançam lentamente ante a eventualidade de que existam explosivos no apartamento", afirmou uma fonte ligada à operação. Até então, não se sabia se Merah estava vivo ou morto. "Ele não se manifesta", indicou.
Segundo o ministro do Interior, Claude Guéant, Merah afirmou que desejava morrer "com as armas na mão", embora tenha, na véspera, anunciado sua intenção de se entregar.
"Mas, desde então, entrou em uma lógica de ruptura", acrescentou Guéant, que disse ainda estranhar a falta de reação de Merah às fortes explosões efetuadas pela polícia durante a noite nas proximidades do apartamento do islamita no bairro de Côté Pavée de Toulouse, como parte de uma estratégia de desgaste psicológico para forçar a rendição.
As autoridades cercaram a residência de Merah à 3H20 (23H20 de Brasília, terça-feira) da madrugada de quarta-feira, com a intenção de prendê-lo para que fosse interrogado sobre os assassinatos, cometidos em um período de oito dias, de três militares e de quatro membros da comunidade judaica, incluindo três crianças, em Toulouse e na cidade vizinha de Montauban.
Os crimes espalharam pavor e sacudiram o panorama político da França, que em 22 de abril terá o primeiro turno da eleição presidencial, na qual o presidente Nicolas Sarkozy espera obter um segundo mandato.
Além das explosões, a polícia cortou a luz do bairro durante a noite. Uma tentativa de mediação com parentes de Merah não teve sucesso durante a noite.
De acordo com Guéant, Merah admitiu ser o autor dos sete assassinatos e afirmou ter atuado de maneira sozinha, depois de ter aceitado uma "missão" da Al-Qaeda para cometer um atentado na França.
O procurador que investiga os ataques, François Molins, afirmou que a unidade de elite da polícia fez várias tentativas de entrar no apartamento na quarta-feira, mas foi recebida a tiros em todas as oportunidades. Dois agentes ficaram feridos.
O islamita "não expressa nenhum pesar", exceto o de não ter provocado mais vítimas e celebra o fato de ter "colocado a França de joelhos", disse o ministro. Merah tinha planos de matar dois policiais de Toulouse e um militar na quarta-feira.
*Matéria atualizada às 9h13