Julian Assange, fundador do WikiLeaks, falando em teleconferência da embaixada do Equador em Londres (UNTV via Reuters TV/Reuters)
Da Redação
Publicado em 27 de setembro de 2012 às 06h22.
Nações Unidas - O caso de Julian Assange foi discutido nesta quarta-feira na ONU durante um ato organizado pelo Equador, no qual o fundador do WikiLeaks pediu o fim de sua perseguição e o governo de Quito afirmou pela primeira vez que pode levar o caso para a justiça internacional.
"O tempo das palavras terminou. Chegou a hora dos Estados Unidos terminaram com a perseguição ao WikiLeaks, a nossa gente e às nossas fontes", disse Assange da embaixada equatoriana em Londres por meio de um de videoconferência. O ativista está há três meses refugiado na embaixada do Equador à espera de um salvo-conduto para poder abandonar Reino Unido.
O australiano voltou a pedir garantias tanto de Londres como de Estocolmo de que não será extraditado aos Estados Unidos, país onde foi declarado "inimigo de Estado", algo que para o fundador do WikiLeaks é "absolutamente absurdo", mas que demonstra que sua vida poderia correr perigo se for entregue a Washington.
Assange aproveitou a repercussão que significa falar nas Nações Unidas para denunciar, por um lado, a perseguição política que assegura estar sofrendo, e por outro as torturas e humilhações que Bradley Manning, soldado americano acusado pelos EUA de ter vazado milhares de documentos secretos ao Wikileaks, estaria passando.
A cidade de Nova York será amanhã palco de uma nova aproximação entre as autoridades equatorianas e britânicas, que tentam encontrar uma solução 'através do diálogo' para um conflito diplomático que segue sem solução após três meses e que ameaça se prolongar por muito tempo.
Os ministros das Relações Exteriores do Equador e do Reino Unido, Ricardo Patiño e William Hague, respectivamente, irão se encontrar a partir das 10h local (11h de Brasília) em um hotel de Nova York. Mais uma vez, o salvo-conduto que Quito espera que os britânicos assinem será levado para a mesa de negociação.
Em declarações à Agência Efe, o chefe da diplomacia equatoriana disse que seu governo está disposto a esgotar a via diplomática para resolver o caso, embora tenha admitido pela primeira vez que não descarta a possibilidade de levar o caso para a via judicial, encaminhando o conflito para a Corte Internacional de Justiça (CIJ).
"Se após um tempo razoável os diálogos políticos e diplomáticos não avançarem, não nos restará outra alternativa a não ser recorrer às instâncias judiciais, à Corte Internacional de Justiça de Haia", afirmou o chanceler, que em todo caso não quer fixar prazos para isso.
Patiño acredita que o diálogo com seu colega britânico será 'construtivo' e antecipou à Efe que apresentará a Hague uma cópia de um acordo de extradição assinado por ambos os países há 142 anos, no qual reconhecem que não se pode extraditar um cidadão se uma das partes acredita que há motivações políticas.
"Não há outra alternativa. O que querem? Que o senhor Assange fique 15 anos confinado em nossa sede diplomática?", perguntou Patiño, que disse que 'nem os ditadores da América Latina se atreveram a colocar em dúvida a figura do asilo político' e argumentou que acredita que Londres acabará concordando com isso.
O governo do Equador pediu um salvo-conduto para que Assange possa sair sem problemas de sua embaixada em Londres e se asilar no país sul-americano. O Reino Unido, no entanto, nega-se a fazer isso e diz que manterá Assange no país pois tem obrigação de extraditá-lo para a Suécia.
A Justiça escandinava investiga o ex-hacker por denúncias de abusos sexuais, que ele nega ter praticado. Assange teme que ao ser enviado para a Suécia possa ser extraditado aos EUA, onde poderia receber uma condenação muito severa.