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Ásia vê mudança em relação com EUA após eleição

Últimas pesquisas de intenção de voto antes da eleição de hoje apontam como resultado mais provável uma vitória de Hillary Clinton

Candidatos à Casa Branca: maior preocupação da Ásia diz respeito ao protecionismo comercial, uma vez que as exportações representam um quarto do PIB da Ásia (Joe Raedle / Reuters)

Candidatos à Casa Branca: maior preocupação da Ásia diz respeito ao protecionismo comercial, uma vez que as exportações representam um quarto do PIB da Ásia (Joe Raedle / Reuters)

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Reuters

Publicado em 8 de novembro de 2016 às 09h15.

Tóquio / Jacarta - Ganhe ou não, a campanha de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos mudou a forma como os países da Ásia veem seus relacionamentos com Washington.

As últimas pesquisas de intenção de voto antes da eleição desta terça-feira apontam como resultado mais provável uma vitória de Hillary Clinton. Mas, mesmo a democrata, uma das responsáveis pela guinada estratégica dos EUA para a Ásia, terá trabalho pela frente para recuperar a confiança, de acordo com analistas e autoridades de nações asiáticas.

"Com ou sem Trump, essa eleição marca o fim da liderança dos EUA, em especial a liderança moral", disse um ex-diplomata japonês, que pediu para não ser identificado devido à sensibilidade do tema.

"Não acho que é uma questão de Trump como indivíduo, mas uma questão de a sociedade dos EUA que produziu esse homem como o candidato republicano", acrescentou.

Trump ignorou algumas tradições democráticas dos EUA durante sua campanha pela Casa Branca, atraindo multidões entusiasmadas que aplaudiam suas declarações muitas vezes polêmicas e agressivas. Críticos o chamaram de racista, hipócrita, demagogo e predador sexual, todas acusações negadas por eles.

O republicano disse que o país vive um momento escuro, de joelhos diante da China, do México e do Estado Islâmico.

Os ataques populistas de Trump contra a imigração e o comércio global contrastaram com a ideia dos Estados Unidos como uma potência benevolente que ajudou a moldar a economia global --e as forças da globalização-- desde a queda da União Soviética no inícios dos anos 1990.

Agora os EUA enfrentam a ascensão da China, uma força econômica há muitos anos que agora se torna mais assertiva também geopoliticamente.

A maior preocupação da Ásia diz respeito ao protecionismo comercial, uma vez que as exportações representam um quarto do PIB da Ásia e que um quinto delas tem como destino os Estados Unidos.

O acordo comercial Parceria Transpacífica (TPP), defendido pelo governo de Barack Obama em parte para aumentar a influência norte-americana na Ásia, era para ser um fator fundamental da guinada estratégica dos EUA para a Ásia --"uma Otan econômica"--, mas atualmente parece morto.

Tanto Hillary como Trump se opõem ao acordo, que estabeleceria uma zona de livre comércio entre 12 países, excluindo a China.

"Se os EUA abandonaram o TPP, certamente isso vai aumentar a influência da China na Ásia", disse Kanti Bajpai, professor de Estudos Asiáticos na Escola de Políticas Públicas Lee Kuan Yew, em Cingapura.

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