Mundo

Ásia mira Brasil em busca de matérias-primas e mercados

A participação da japonesa Kirin na Schincariol e o investimento da chinesa Jac Motors em uma fábrica brasileiras são exemplos recentes da sede asiática

A Kirin Holdings entrou no mercado brasileiro ao desembolsar US$ 2,5 bi por uma participação na Schincariol (Richard A. Brooks)

A Kirin Holdings entrou no mercado brasileiro ao desembolsar US$ 2,5 bi por uma participação na Schincariol (Richard A. Brooks)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de agosto de 2011 às 12h22.

Tóquio - Quando a gigante das bebidas japonesa Kirin anunciou no início do mês que entraria no capital da brasileira Schincariol, este foi mais um exemplo da crescente sede asiática pelos mercados e matérias-primas da América do Sul, em especial o Brasil.

Quase ao mesmo tempo, a chinesa JAC Motors anunciou um investimento de 900 milhões em uma fábrica no Brasil, em um novo projeto que associa dois dos cinco BRICS, o grupo de potências emergentes (os demais são Rússia, Índia e África do Sul).

A China, segunda maior economia mundial e consumidora voraz de energia, minerais e cereais, superou os Estados Unidos como o maior sócio comercial do Brasil e foi o principal investidor no país no ano passado, com uma injeção de quase US$ 30 bilhões.

Seu principal rival asiático, o Japão, terceira economia mundial, busca tanto na América do Sul como na China recursos naturais e novos mercados, já que a população nipônica passa por um envelhecimento e suas empresas são obrigadas a buscar consumidores em outras regiões.

"As empresas que dependem da demanda doméstica agora buscam no exterior, já que os mercados locais caem e não se pode esperar um grande crescimento no Japão", explica Hideyuki Araki, economista do instituto Resona Research.

Com importantes recursos naturais e investimentos estrangeiros cada vez maiores, "o Brasil é um dos membros do BRICS que registra maior crescimento", lembra Araki.

"A estimativa é que seu mercado de bebidas e a demanda por outros produtos cresçam", destaca.


A japonesa Kirin Holdings anunciou a compra, por 2,5 bilhões de dólares, de uma participação na Schincariol, a segunda maior cervejaria brasileira e a terceira produtora de bebidas gasosas do país.

As empresas japonesas foram afetadas nos últimos anos pela valorização do iene, que encarece as exportações. Mas o outro lado de uma moeda forte é o fato de permitir as suas empresas mais compras no exterior.

Toru Nishihama, economista do Dai-Ichi Life Research Institute, indicou que o Brasil, que também tem promissoras indústrias aeronáutica e automotiva, é o favorito no continente como destino de investimentos.

"Uma demanda doméstica dinâmica estimulada por sua cada vez maior população é atraente para as empresas japonesas".

"As companhias japonesas se concentrarão cada vez mais nas economias emergentes para que os produtos sejam consumidos localmente", completa.

O Brasil, que ano passado registrou crescimento de 7,5%, já atraiu muitos investimentos e continuará sendo o centro das atenções, já que em 2014 será a sede da Copa do Mundo e em 2016, dos Jogos Olímpicos.

A Coreia do Sul, grande concorrente do Japão nos setores automobilístico, da eletrônica e de máquinas, também aposta no Brasil.

Este ano, um grupo de empresas japonesas e sul-coreanas, que inclui a Nippon Steel e a Posco, concordou em pagar 1,95 bilhão de dólares por 15% da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração.

Mas a China é a grande estrela dos investimentos. O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Alessandro Teixeira, disse em julho que a China pretende injetar mais nove bilhões de dólares na economia brasileira este ano.

Metade do pacote de investimentos é destinado ao setor de alta tecnologia. Até o momento, o gigante asiático priorizava os setores agrícola e de mineração, lembrou Teixeira ao jornal China Daily.

O comércio com a China representou 56,4 bilhões de dólares no ano passado. No total, 70% foram matérias-primas como soja ou minério de ferro. Teixeira destacou, no entanto, que o Brasil quer estimular o comércio em setores de média e alta tecnologia.

O fornecedor de equipamentos de telecomunicações chinês ZTE, que se instalou em um parque industrial perto de São Paulo, registrou lucro em 2010 de 600 milhões de dólares no Brasil, e espera este ano alcançar um bilhão, destaca o China Daily.

Em abril, a presidente Dilma Rousseff anunciou durante uma visita à China que a empresa de equipamentos de telecomunicações Huawei vai construir um centro de pesquisa tecnológica no estado de São Paulo.

Também se espera um cresciminto no comércio de produtos agrícolas. A China quer garantir o fornecimento de grãos e oleaginosas para suprir a demanda interna.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaBebidasChinaEmpresasEmpresas japonesasInvestimentos de empresasJACKirinMontadorasSchincariol

Mais de Mundo

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal

Xi Jinping inaugura megaporto de US$ 1,3 bilhão no Peru