Donald Trump (Chip Somodevilla/Getty Images)
Gabriela Ruic
Publicado em 1 de março de 2017 às 11h13.
Última atualização em 1 de março de 2017 às 11h22.
São Paulo – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez na noite de ontem (28) o seu primeiro discurso na sessão conjunta do Congresso do país. Em um tom conciliador, o republicano parece ter deixado de lado a retórica radical e apocalíptica típica de sua fala ao falar sobre a agenda para os próximos anos na Casa Branca.
Uma das surpresas da noite foi a forma como ele se referiu ao tema dos imigrantes, dizendo crer ser possível conseguir “uma reforma migratória real e positiva”, considerando que o objetivo seja o de melhorar a vida dos americanos e fortalecer a segurança nacional. Sobre o polêmico muro entre os EUA e México, afirmou que a sua construção começará em breve.
Mas, além da questão migratória, Trump tocou em assuntos diversos como a violência, desemprego, ataques terroristas e a pobreza. Veículos de imprensa como a agência de notícias Associated Press (AP), a rede de notícias CNN e o jornal The New York Times (NYT) checaram as afirmações feitas pelo presidente em seu discurso. Veja o que corresponde à realidade e o que não é bem assim.
Trump -> “Em 2015, as taxas de homicídio observaram o maior aumento em um ano em quase meio século”.
De acordo com a equipe da CNN, o presidente está correto. “Os Estados Unidos experimentaram entre 2014 e 2015 o maior aumento em um ano nas taxas de homicídio”, explicou o veículo, que comparou as informações do republicano com dados do FBI.
Segundo a análise, a taxa de homicídio em 2014 era de 4,5 para cada 100 mil habitantes. Em 2015, esse número saltou para 4,9 para cada 100 mil habitantes.
Mas, embora esse tenha sido o maior aumento nessa taxa em um ano, a rede de notícias nota que, na década de 90, essa taxa variou de 8 até 10 homicídios para cada 100 mil pessoas.
Trump -> “94 milhões de americanos estão fora da força de trabalho”.
O jornal NYT classificou essa informação como enganosa, uma vez que o número citado inclui estudantes do ensino médio e superior, além de pessoas com deficiências e aposentados.
“O número de americanos que procuram por trabalho e não encontram é muito menor”, apurou a equipe do veículo. Segundo números apurados pelo NYT perante Departamento do Trabalho dos EUA, 7,6 milhões de pessoas encontram-se nessa posição.
Trump -> “Segundo o Departamento de Justiça, a maioria de indivíduos condenados por crimes relacionados a atividades terroristas desde o 11 de setembro são estrangeiros. Vimos esses ataques em casa – De Boston a San Bernardino até o Pentágono e, sim, o World Trade Center”.
Segundo a AP, a fala de Trump não deixou claro qual dado do Departamento de Justiça ele citou. A equipe avaliou as informações mais recentes do órgão sobre o tema e os números não sustentam a afirmação do presidente.
A agência avaliou um estudo do Departamento de Segurança Nacional que mostrou que dos 82 indivíduos influenciadas por organizações terroristas a praticarem atos terroristas, mais da metade deles nasceram em solo americano. Em San Bernardino, por exemplo, o responsável pelo ataque que matou 14 pessoas era natural da cidade de Chicago (EUA).
Trump -> “Mais de 43 milhões de pessoas estão vivendo na pobreza”.
Mais um acerto do presidente republicano, segundo analisado pelo NYT. Contudo, nota o jornal, dados do Departamento do Censo dos EUA mostram que esse número vem caindo e está muito menor do que o observado pelo país pós-crise de 2008.
O mesmo raciocínio se aplica na fala de Trump sobre o número de pessoas que sobrevivem graças aos cupons de alimentação. De acordo com o presidente, 43 milhões usam esses cupons para se alimentar. No entanto, esse número também está em declínio.
De acordo com a CNN, que conduziu uma pesquisa de opinião momentos depois do fim da fala do republicano ao Congresso, 57% dos entrevistados disseram ter ficado com uma impressão positiva.
7 em cada 10 pessoas que viram o discurso avaliaram que as políticas de Trump levarão o país para a direção certa e 2 terços dos participantes acreditam que as prioridades de seu governo estão corretas. De forma geral, a maioria dos entrevistados disseram estar mais otimistas.