Criança em campo de refugiados: segundo dados da UNICEF, 800.000 crianças deixaram seus lares na Nigéria por medo dos ataques do Boko Haram (UNICEF Chade/Facebook/Manuel Moreno)
Gabriela Ruic
Publicado em 20 de abril de 2015 às 07h08.
São Paulo – O sequestro de quase 300 meninas pelos extremistas do Boko Haram na Nigéria completou um ano neste mês. Para homenagear as estudantes desaparecidas, a UNICEF lançou uma campanha nas redes sociais para trazer aos olhos do mundo o drama das crianças nigerianas que convivem diariamente com a violência.
A #bringbackourchildhood (“traga de volta a nossa infância”) conta com a participação de algumas das 800.000 crianças e adolescentes que, segundo a UNICEF, foram forçadas a deixar as suas casas, muitas vezes se separando de suas famílias, por conta do medo de novos ataques do grupo.
No Instagram, no Facebook e no Snapchat, a entidade compartilhou muitas histórias se sobrevivência destas crianças e publicou ainda desenhos feitos por elas que mostram como é hoje o seu dia a dia nos campos de refugiados.
Conheça abaixo alguns dos emocionantes relatos divulgados pela UNICEF.
1 – “Eu fugi, pois eles estavam cortando a garganta das pessoas”
Ahmid tem apenas 15 anos e, no vídeo abaixo, contou à UNICEF ter escapado sozinho de sua casa no momento em que o Boko Haram atacou o seu vilarejo. Deixou para trás a sua família e viajou sozinho pelo Lago Chade até chegar a um campo de refugiados. Agora, diz estar feilz por poder ir para a escola, mas está preocupado com o paradeiro de seus pais.
2 – “Eles me chamam de Neymar”
Peter, também 15 anos, contou estar em casa no momento do ataque dos extremistas que confrontavam tropas do governo da Nigéria. Durante a sua fuga, se separou da família. Agora vive em um campo de refugiados em Chade e tem um amigo chamado Mohammed, cujo apelido é Messi. E Peter é conhecido como Neymar.
3 – “Quando saímos da água, um homem apontou uma arma contra nós”
Sani tem 10 anos. Neste vídeo ele faz um desenho para mostrar o que o Boko Haram fez em sua vila: queimaram carros e decapitaram pessoas. Ele acabou capturado pelo grupo e só foi libertado depois que seu pai pagou o equivalente a 150 reais de resgate. Sua família deixou a Nigéria em seguida e hoje vive em um campo de refugiados em Níger.
4 – “Sinto falta de brincar com meus amigos”
Mustapha deixou a Nigéria e hoje vive num campo de refugiados em Chade. Lá, a pedido da UNICEF, o garoto fez o desenho abaixo. Do que mais sente saudades? Brincar com seus amigos.
5 – “Sinto falta da minha família”
Hanutou tem 13 anos e é mais um jovem que se viu separado de sua família ao fugir da Nigéria. É também a sua família aquilo que mais lhe faz falta nos dias de hoje.