A jovem paquistanesa Malala Yousafzai: ativista é uma das favoritas ao Nobel da Paz 2014. Malala milita em prol da educação de meninas e meninos em todo o mundo (Getty Images)
Gabriela Ruic
Publicado em 6 de outubro de 2014 às 16h07.
São Paulo – No próximo dia 10, acontece em Oslo (Noruega) a entrega do Prêmio Nobel da Paz, honraria que se propõe a reconhecer os esforços de uma pessoa ou organização em prol de um mundo mais pacífico.
O comitê responsável pela nomeação de candidatos e, por consequência, pela escolha do vencedor, não revelou quais nomes estão no páreo pelo prêmio em 2014.
Mas sabe-se que relação de indicados, que conta com recomendações de diferentes líderes e organizações internacionais, bateu um recorde neste ano: 231 pessoas e 47 organizações estão na disputa.
E não faltam especulações acerca dos nomes que vão disputar a honraria. O Instituto de Pesquisa da Paz de Oslo (PRIO), por exemplo, produz anualmente uma lista composta por organizações e pessoas que considera os candidatos mais fortes.
Vale lembrar que a lista é baseada nas impressões de membros deste instituto acerca do panorama atual da política internacional. Portanto, não passa de uma especulação. Confira abaixo quais são os favoritos da entidade.
Japoneses que defendem o Artigo 9
Um dos favoritos é o grupo de japoneses que defende a manutenção do Artigo 9 da constituição do país, conhecida por seu teor pacifista, como está. Este dispositivo legal proíbe o Japão de se envolver em conflitos armados internacionais e impõe outras restrições desta sorte.
Em vigência desde 1946, o artigo é alvo de polêmica no Japão. Neste ano, o primeiro-ministro Shinzo Abe anunciou a sua reinterpretação no sentido de incluir hipóteses nas quais o país possa ajudar militarmente seus aliados, exercendo a chamada “autodefesa coletiva”.
A medida, contudo, foi duramente criticada pelos cidadãos do país: 60% deles rejeitaram a resolução imposta por Abe.
Edward Snowden
O ex-funcionário da Agência Nacional de Segurança americana (NSA), responsável pelo vazamento de informações que revelaram a amplitude da vigilância internacional dos EUA mundo afora, é outro que visto como um forte candidato ao Nobel da Paz.
“Os documentos vazados por ele seguem formando acusações contra os Estados Unidos e trazendo reformas para o sistema de defesa americano”, explica a entidade.
A dúvida agora é se a Noruega permitirá que Snowden, que hoje vive na Rússia, receba o prêmio pessoalmente sem que corra o risco de ser preso e extraditado para os EUA.
Novaya Gazeta
Este jornal russo é conhecido pelo trabalho investigativo que realiza na cena política do país, especialmente considerando as restrições à liberdade de imprensa e de expressão. Nos últimos anos, quatro de seus jornalistas foram assassinados. Todos apuravam escândalos de corrupção.
“Reportagens independentes e uma mídia livre contribuem positivamente para a paz”, lembrou a entidade. Novaya Gazeta foi fundada em 1993 com parte do dinheiro que Mikhail Gorbachev, último líder da União Soviética, recebeu ao ganhar o Nobel da Paz em 1990.
Se o jornal vencer, explica o instituto, esta será a primeira vez que o prêmio é concedido a um veículo de imprensa.
Denis Mukwege
Apenas em 2013, foram registrados mais de 15 mil casos de violência sexual no leste da República Democrática do Congo, país que sofre hoje por conta de conflitos entre forças do governo e milícias. E é no meio desta confusão que surge o Dr. Denis Mukwege, ginecologista que se especializou no tratamento de vítimas deste tipo de crime.
Em 1999, ele fundou um pequeno hospital com capacidade para apenas 120 pacientes. Hoje, contudo, seu centro de tratamento atende mais de 400 pessoas por mês. Considerado um herói em seu país, Mukwege é, na visão do instituto, um dos mais fortes candidatos ao Nobel da Paz.
Malala Yousafzai
Outra aposta do instituto é a paquistanesa Malala Yousafzai que foi indicada ao Nobel no ano passado, mas não venceu. Desde muito nova, a jovem de 16 anos atua como ativista para a ampliação da educação para meninas e meninos no Paquistão.
“Lápis e livros são armas para derrotar o terrorismo”, disse ela recentemente. Sua militância despertou a ira de extremistas ligados ao Taleban, que juraram destruí-la. Em 2012, Malala sofreu uma tentativa de assassinato enquanto voltava para casa da escola.
“Ela pode ser premiada por sua luta pela educação, pelos direitos de mulheres e meninas ou por ter se posicionado a favor da tolerância e contra o extremismo religioso”, lembra a entidade.