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As histórias de vida a bordo do submarino argentino San Juan

Tripulantes do submarino ARA San Juan desapareceram há um ano e foram reencontrados neste sábado a 800 m de profundidade no Oceano Atlântico

 (Marina Devo/Reuters)

(Marina Devo/Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 17 de novembro de 2018 às 15h25.

Última atualização em 17 de novembro de 2018 às 17h50.

Buenos Aires (AFP) - A primeira submarinista da América do Sul, um cabo que planejava se casar e um comandante de Tucumán: algumas histórias da tripulação do submarino argentino ARA San Juan desapareceram há um ano e foram reencontradas neste sábado a 800 metros de profundidade no Oceano Atlântico.

- Mulher de armas -

Eliana Krawczyk sonhava em ser engenheira industrial, mas uma tragédia familiar a levou a mudar de vida e se tornar a primeira submarinista sul-americana.

Originária de Oberá, na província de Misiones (nordeste), Eliana, aos 21 anos, conhecia pouco o mar.

As mortes de um irmão em um acidente e de sua mãe depois de um ataque cardíaco mudaram sua vida. Ela se matriculou na Escola Naval e, em 2012, se tornou uma submarinista, a primeira na América do Sul. Com 35 anos de idade na época do desaparecimento do San Juan, era a chefe de armas do submarino.

Sobre sua vida a bordo, dizia que se sentia à vontade. "Sou a única mulher a bordo e me sinto bem, contente e feliz", disse em uma entrevista.

- O comandante -

O capitão da fragata Pedro Martín Fernández era o comandante do submarino e tinha 45 anos quando na época do incidente. Nascido em Tucumán, no norte da Argentina, ele era casado e tinha três filhos adolescentes.

Em 2 de março de 2015 havia se mudado para a cidade costeira Mar del Plata, 40km ao sul da capital, para a estação da ARA San Juan, onde quase toda a tripulação residia.

Foi ele quem enviou, em 15 de novembro, a última mensagem do submarino, na qual relatou a entrada de água do mar através do sistema de ventilação da bateria, o que causou um curto-circuito e o início de um incêndio. No entanto, no mesmo contato, ele considerou que a falha havia sido controlada.

Ele não era o único Tucumán da tripulação. Também havia o cabo Luis Esteban García, então com 31 anos de idade.

- Marinheiros no altar -

O primeiro-cabo Luis Niz, de 25 anos, esperava levar sua coelga, a primeira-cabo Alejandra Morales, também música, ao altar. Tudo estava pronto para o casamento, marcado para 7 de dezembro de 2017.

Nascido na província de La Pampa, Niz se formou com destaque em 2016, o que lhe permitiu ser escalado para a ARA San Juan.

O tenente Renzo Martin Silva, de 32 anos, também planejava ir ao altar em 2018. Entrou na Academia Naval aos 18 anos e sonhava ser um submarinista desde a infância em sua terra natal, San Juan, uma província situada na Cordilheira de os Andes.

Ele morava com María Eugenia Ulivarri Rodi, uma militar como ele e que seria sua futura esposa.

- Papai Fernando -

Fernando Santilli, de então 35 anos, era submarinista desde 2010. Engenheiro de profissão, deixou sua cidade natal Mendoza (oeste) muito jovem para buscar o sonho de ser mergulhador.

Seu filho pequeno Stefano aprendeu a dizer "papai" enquanto ele estava desaparecido em alto-mar, contou sua esposa Jessica Gopar. "Não nos deixem sozinhos", implorou Gopar à mídia quando perdeu a esperança de encontrar seu "primeiro amor" vivo.

"Foi meu grande amor. Namoramos sete anos, seis de casado e temos um filho, Stefano, que nos custou muito e que Deus nos enviou", declarou na ocasião.

A última vez que se viram foi em 17 de outubro de 2017, antes de ele embarcar em uma viagem que parou em Ushuaia, 3.200 km ao sul, de onde se comunicaram pela última, e de onde deixaria o mar a caminho de casa. Ele nunca chegou.

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