Enchente na China: relatório mostra que cidades estão mais expostas ao risco de inundações causadas pelo clima. (Thinkstock)
Vanessa Barbosa
Publicado em 17 de maio de 2016 às 16h19.
São Paulo - Mais de um bilhão de pessoas estão expostas a inundações costeiras até 2070 devido à combinação do aumento do nível do mar e condições meteorológicas extremas. A projeção preocupante vem de um novo relatório da organização Christian Aid, que lista as cidades do mundo em maior risco de futuras inundações costeiras.
De acordo com projeções do estudo para o ano 2070, apoiadas pelo IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima, Calcutá e Mumbai, ambas na Índia, lideram a lista de cidades cujas populações estão mais expostas a inundações costeiras, com 14 milhões e 11,4 milhões de pessoas, respectivamente.
A maior parte das cidades na lista são da Ásia:
Ranking de cidades com maior população em risco | População exposta em 2070 |
---|---|
1. Calcutá (Índia) | 14.014.000 |
2. Mumbai (Índia) | 11.418.000 |
3. Dhaka (Bangladesh) | 11.135.000 |
4. Guangzhou (China) | 10.333.000 |
5. Ho Chi Minh City (Vietnã) | 9.216.000 |
6. Shangai (China) | 5.451.000 |
7. Bangkok (Tailândia) | 5.138.000 |
8. Yangon (Myanmar) | 4.965.000 |
9. Miami (Estados Unidos) | 4.795.000 |
10. Haiphong (Vietnã) | 4.711.000 |
Os Estados Unidos poderão pagar um preço elevado por suas emissões de carbono per capita, as maiores do mundo. Miami é a primeira da lista das cidades com maior impacto financeiro causado pelas inundações, com US$ 3,5 trilhões em ativos expostos e em terceiro lugar aparece Nova York, com US$ 2,1 trilhões ameaçados.
Guangzhou, na China, ocupa o segundo lugar com a exposição de ativos de US$ 3,4 trilhões:
Ranking de cidades com potencial de maior perda financeira | Valor potencial em risco em 2070 |
---|---|
1. Miami (Estados Unidos) | US$ 3,5 trilhões |
2. Guangzhou (China) | US$ 3,3 trilhões |
3. Nova York (Estados Unidos) | US$ 2,1 trilhões |
4. Calcutá (Índia) | US$1,9 trilhão |
5. Shangai (China) | US$ 1,7 trilhão |
6. Mumbai (Índia) | US$ 1,6 trilhão |
7. Tianjin (China) | US$ 1,2 trilhão |
8. Tóquio (Japão) | US$ 1,2 trilhão |
9. Hong Kong (china) | US$1,1 trilhão |
10. Bangkok (Tailândia) | US$ 1,1 trilhão |
O autor do relatório, Dr. Alison Doig, principal consultor de mudanças climáticas da Christian Aid, disse que os números devem servir de alerta antes da Cúpula Mundial da Ajuda Humanitária que ocorre na próxima semana em Istambul, nos dias 23 e 24 maio. "Estamos testemunhando a colisão entre o crescimento das áreas urbanas costeiras e as mudanças climáticas que tornam as inundações costeiras mais prováveis”, destacou.
"Cruelmente, serão os pobres que sofrerão mais. Embora o custo financeiro para as cidades nos países ricos possa vir a ser incapacitante, as pessoas mais ricas, pelo menos, têm opções para se mudar e receber a proteção do seguro. Mas o que as evidências provam é que, de New Orleans até Dhaka, são os mais pobres que estão mais vulneráveis, porque eles têm a pior infraestrutura e não há redes de segurança social ou financeira para ajudá-los a se recuperarem", acrescentou.
Antes da Cúpula Mundial da Ajuda Humanitária da próxima semana, o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu que seja dobrado o percentual de ajuda global investido na redução dos riscos de desastres. Isso elevaria a cifra para US$ 1 bilhão.