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Arsenal nuclear mundial aumenta, impulsionado pela guerra na Ucrânia

Rússia e Estados Unidos juntos representam cerca de 89% do arsenal nuclear total, diz o relatório

No início de 2023, as nove potências nucleares oficiais e não oficiais possuíam 9.576 ogivas prontas para uso (Justin Sullivan/Getty Images)

No início de 2023, as nove potências nucleares oficiais e não oficiais possuíam 9.576 ogivas prontas para uso (Justin Sullivan/Getty Images)

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 29 de março de 2023 às 11h51.

O número de ogivas nucleares operacionais no mundo aumentou em 2022, impulsionado por Rússia e China, de acordo com um relatório publicado nesta quarta-feira, 29, em um contexto de ameaças de Moscou.

No início de 2023, as nove potências nucleares oficiais e não oficiais possuíam 9.576 ogivas prontas para uso, 136 a mais que no ano anterior, segundo o relatório Nuclear Weapons Ban Monitor, publicado pela ONG norueguesa Norsk Folkehjelp.

Sua capacidade destrutiva é equivalente a "mais de 135.000 bombas de Hiroshima", segundo o relatório.

O aumento observado em 2022 se deve à Rússia, que possui o maior arsenal nuclear do mundo com 5.889 ogivas operacionais, além da China, Índia, Coreia do Norte e Paquistão.

"Esse aumento é preocupante e dá continuidade a uma tendência iniciada em 2017", disse Grethe Lauglo Østern, responsável pela análise.

O relatório foi publicado tendo como pano de fundo as ameaças nucleares de Moscou, relacionadas à invasão da Ucrânia.

No sábado, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou a instalação de armas nucleares táticas em Belarus, um país às portas da UE e da Otan e um aliado próximo do Kremlin.

"Não há nada incomum aqui. Os Estados Unidos fazem isso há décadas: há muito tempo implantam armas nucleares táticas no território de seus aliados", disse Putin em entrevista transmitida pela televisão russa.

Cem armas "táticas" dos EUA foram implantadas há anos na Bélgica, Alemanha, Itália, Holanda e Turquia, segundo estimativas de vários analistas independentes.

O anúncio de Putin foi criticado pela Ucrânia e seus aliados ocidentais.

A Otan considerou que "a retórica nuclear da Rússia é perigosa e irresponsável" e a UE ameaçou Minsk com mais sanções.

Redução do estoque total

Paralelamente ao conflito na Ucrânia, a Coreia do Norte intensifica o lançamento de mísseis balísticos, testes que devem aumentar sua capacidade de realizar ataques nucleares.

Nesta situação geopolítica altamente deteriorada, o medo do uso dessas armas atingiu níveis recordes desde o fim da Guerra Fria, há três décadas, segundo pesquisas realizadas em vários países.

O estoque total de armas atômicas, que inclui as desativadas, foi reduzido. Seu número total passou de 12.705 para 12.512 em um ano, devido à destruição de ogivas antigas na Rússia e nos Estados Unidos.

"Isso ocorre porque a Rússia e os Estados Unidos desmantelam um pequeno número de suas ogivas nucleares mais antigas anualmente", disse Hans Kristensen, chefe da Federação de Cientistas Americanos.

Rússia e Estados Unidos juntos representam cerca de 89% do arsenal nuclear total, diz o relatório.

Se a introdução de novas ogivas não for interrompida, "o número total de armas nucleares no mundo logo aumentará pela primeira vez desde a Guerra Fria", acrescentou Lauglo Østern.

As oito potências nucleares oficiais são Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França, China, Índia, Paquistão e Coreia do Norte. Israel é uma potência nuclear não oficial e nunca reconheceu ter tal capacidade.

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