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Armadilha é pensar que homem não necessita de Deus, diz Papa

Segundo o pontífice, um dos maiores perigos de nosso tempo é reduzir o homem "aquilo que produz e consome"


	Papa Francisco: "todos sabemos quanta violência causou na história recente a tentativa de cancelar Deus da sociedade", disse
 (Alberto Pizzoli/AFP)

Papa Francisco: "todos sabemos quanta violência causou na história recente a tentativa de cancelar Deus da sociedade", disse (Alberto Pizzoli/AFP)

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Da Redação

Publicado em 20 de março de 2013 às 13h12.

Cidade do Vaticano - O papa Francisco afirmou nesta quarta-feira que um dos maiores perigos de "nosso tempo" é pensar que o homem não tem necessidade de Deus e reduzi-lo "aquilo que produz e consome".

O pontífice fez a declaração em um discurso feito aos representantes das igrejas e comunidades eclesiais cristãs e de outras religiões, que assistiram ontem a missa de inauguração de seu pontificado.

"Todos temos que fazer muito pelos mais pobres, os fracos e os que sofrem, para favorecer a justiça e promover a reconciliação e construir para a paz. Mas, sobretudo, temos que ter viva no mundo a sede do Absoluto, não permitindo que prevaleça uma visão que reduz a homem a aquilo que produz e consome. Esta é uma das insídias mais perigosas de nosso tempo", afirmou o papa.

"Todos sabemos quanta violência causou na história recente a tentativa de cancelar Deus da sociedade", disse.

Francisco declarou também que neste mundo de divisões e rivalidades, as religiões têm que estar próximas dos homens e das mulheres que buscam a verdade, a bondade e a beleza, "que é a verdade, a bondade e a beleza de Deus".

Recebido com um grande aplauso quando entrou na sala Clementina, no Palácio Apostólico, o papa se comprometeu perante os representantes das outras Igrejas e comunidades eclesiais cristãs a prosseguir com diálogo ecumênico em prol da unidade.

"Desejo assegurar minha firme vontade de prosseguir com o diálogo ecumênico", afirmou o papa, que na mesma linha dos pontífices anteriores insistiu na urgência de que todos os cristãos sejam "uma mesma coisa" e possam testemunhar de maneira "livre, alegre e valente" o Evangelho.

"Será nosso melhor serviço em um mundo de divisões e rivalidades", disse o papa, que mais uma vez pediu que os homens sejam guardiães da natureza.


Também assistiram a cerimônia representantes judaicos, aos quais o papa expressou seu desejo de prosseguir "de maneira fraternal" o proveitoso diálogo aberto pelo Concílio Vaticano II.

Franciso também manifestou seu apreço aos muçulmanos, destacou que seus fiéis rezam para um Deus único e disse que sua presença hoje no ato era um sinal da vontade de fomentar a cooperação pelo bem comum da humanidade.

Em nome dos presentes, o patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, fez um discurso e disse que a primeira preocupação dos cristãos tem que ser a unidade.

O patriarca ressaltou a importância de prosseguir com o diálogo religioso e que todas as igrejas e comunidades eclesiais atuem de maneira "interativa" para ajudar os homens nesta época de crise.

Bartolomeu I lembrou o trabalho realizado por XVI em prol da unidade dos cristãos e sua "coragem" para renunciar ao pontificado por motivos de saúde e cansaço.

O patriarca destacou do papa Francisco sua "simplicidade", seu desejo que ir ao essencial e defendeu que o homem retorne à caridade e abandone a vida mundana.


A audiência também foi acompanhada pelo arcebispo da Igreja Ortodoxa Russa, representantes anglicanos e protestantes e o rabino chefe de Roma.

A unidade dos cristãos se rompeu pela primeira vez após o concílio de Éfeso, no ano 431, quando ocorreu a separação da Igreja assíria (ou persa).

Após o concílio de Calcedônia, no ano 451, separaram-se as Igrejas copta, síria, etíope e armênia, que adotaram a tese do monofisismo, segundo a qual Cristo só tinha uma natureza, a divina.

O Concílio de Calcedônia condenou o monofisismo e definiu a dupla natureza de Cristo, humana e celestial, unidas substancialmente em uma só pessoa divina.

No século XI, em 1054, aconteceu o grande cisma, quando se separaram as Iglesias do Oriente e Ocidente. A última grande separação aconteceu no século XVI (1517) com a reforma protestante de Lutero.

As duas grandes igrejas se separaram por razões teológicas, como a rejeição dos ortodoxos ao primaz de Roma. Em novembro de 2007, as Igrejas ortodoxas reconheceram o papa como "primeiro patriarca", embora seguem discordando dos católicos sobre a interpretação de suas prerrogativas, segundo um documento conjunto aprovado pela Comissão Mista para o Diálogo Teológico entre Católicos e Ortodoxos. 

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