Pena de morte nos EUA: os dois homens, de 46 e 52 anos, foram condenados na década de 1990 por estupro e posterior assassinato (Shannon Stapleton/Reuters)
AFP
Publicado em 24 de abril de 2017 às 16h55.
Última atualização em 24 de abril de 2017 às 16h56.
O Arkansas se prepara nesta segunda-feira para executar dois condenados à morte, um feito inédito nos Estados Unidos em 17 anos, se juntando a um polêmico calendário acelerado de execuções neste estado do sul do país.
Se nenhum juiz o adiar no último minuto, Jack Jones e Marcel Williams serão o segundo e o terceiro a serem submetidos à pena capital em abril no Arkansas, um estado que tinha previsto executar oito pessoas em 11 dias.
O governador do Arkansas, o republicano Asa Hutchinson, justificou este acelerado cronograma pela proximidade da data de validade de uma das substâncias utilizadas nas injeções letais.
Mas seu programa de execuções foi objeto de múltiplos recursos judiciais e de uma mobilização internacional dos opositores à pena de morte.
A batalha nos tribunais terminou, por enquanto, com a suspensão de quatro execuções previstas. Na quinta-feira uma delas foi realizada e, além das desta segunda-feira, há uma prevista para 27 de abril.
Até o último momento chegam apelações judiciais e para Jones e Williams esta macabra suspensão poderia durar até a noite desta segunda-feira.
Os dois homens, de 46 e 52 anos, foram condenados na década de 1990 por estupro e posterior assassinato.
Jack Jones estuprou e matou Mary Phillips e bateu até quase a morte na filha da mulher de 34 anos.
Marcel Williams estuprou e estrangulou outra mãe, Stacy Errickson, que tinha 22 anos.
A última vez que um estado americano executou dois condenados foi em 9 de agosto de 2000, no Texas.
Os defensores dos condenados dizem que uma dupla execução causaria um perigoso estresse para os agentes penitenciários encarregados. Até a quinta-feira passada, o Arkansas não havia realizado nenhuma execução desde 2005.
As injeções letais são compostas por três produtos, administrados um depois do outro. O que vence em 30 de abril é o midazolam, um ansiolítico que dizem não fazer efeito suficiente para deixar o condenado inconsciente, podendo provocar grande dor.
Os advogados de Jones e Williams afirmam que as condições de saúde de seus clientes lhes fazem correr um maior risco.
Jones sofre de diabetes, pressão alta, neuropatia e tem uma perna amputada. Seu tratamento médico poderia, segundo pessoas próximas, reduzir a eficácia do midazolam, submetendo-o a um sofrimento intolerável.
Williams pesa 200 kg, o que dificulta muito a introdução do cateter intravenoso da injeção letal, de acordo com seus defensores.