Argentina: (Stockbyte/Getty Images)
Carla Aranha
Publicado em 30 de abril de 2020 às 19h47.
Última atualização em 30 de abril de 2020 às 19h48.
Em reunião realizada por videoconferência nesta quinta-feira, 30, com os coordenadores do Mercosul, a Argentina mostrou mais disposição para continuar participando das negociações comerciais do bloco. No dia 24, a diplomacia argentina havia dito, também durante uma videoconferência com seus pares do Brasil, Paraguai e Uruguai, que iria suspender sua participação nas rodadas de negociação em curso, com países como o Canadá, Singapura e Líbano.
O anúncio anterior, da pausa nas negociações, não chegou a ser uma surpresa, já que o governo argentino vinha sinalizando que as sérias dificuldades econômicas pelos quais passa tiraria o foco das tratativas de acordos comerciais do Mercosul.
O país não pagou os 502 milhões de dólares da parcela de sua dívida externa que venceu no dia 22. O país tem até 22 de maio para quitar o débito. Caso contrário, entrará em moratória. A paralisação da economia em função da coronavírus também está prejudicando o país.
A decisão de suspender a presença dos representantes argentinos da mesa de negociação do Mercosul desagradou setores importantes da iniciativa privada no país. Boa parte dos empresários vê nos acordos de livre-comércio uma possibilidade de adquirir insumos mais em conta para revitalizar segmentos industriais importantes.
“O governo argentino dispôs como modalidade de trabalho para levar adiante as negociações uma consulta permanente com os setores produtivos a fim de incorporar seus pontos de vista”, declarou o Ministério de Relações Exteriores da Argentina em um comunicado divulgado nesta quinta.
No dia 7 de março, haverá uma nova rodada de conversas com os membros do Mercosul para acomodar os interesses argentinos e dar continuidade à presença dos diplomatas do país nas negociações do bloco.
A maior pendência continua sendo o acordo que está sendo costurado com a Coreia do Sul, um dos maiores produtores mundiais de eletroeletrônicos. O governo argentino teme que, sem as barreiras tarifárias com a Coreia do Sul, a Argentina possa sofrer uma invasão de produtos mais em conta.
Os demais integrantes do bloco agora têm a missão de estudar medidas para acomodar a aspiração da Argentina de não participar do acordo de livre-comércio com a Coreia do Sul. De qualquer forma, as negociações não devem ser concluídas antes de 2021, e os tratados podem levar anos até entrar em vigor.