Cristina Kirchner acena durante comício ao lado de Daniel Scioli: o maior adversário do candidato é o prefeito de direita (opositor) da capital, Mauricio Macri, conta com 25% das intenções (Argentine Presidency/Divulgação via Reuters)
Da Redação
Publicado em 7 de agosto de 2015 às 14h26.
Um total de 32 milhões de argentinos estão habilitados a votar neste domingo em singulares primárias obrigatórias, nas quais os candidatos à presidência serão oficializados e que servem de termômetro para as eleições gerais de outubro.
Daniel Scioli, o candidato do partido do Governo, um peronismo de centro-esquerda, e aliado da presidente Cristina Kirchner, lidera todas as pesquisas de intenção de voto com uma média de 35%.
Seu maior adversário, o prefeito de direita (opositor) da capital, Mauricio Macri, conta com 25% das intenções, segundo as pesquisas, enquanto o deputado centro-direita Sergio Massa ganhou espaço e supera os 15%.
O curioso sistema eleitoral argentino faz com que as primárias funcionem como um virtual primeiro turno, com uma lista completa e no qual cada cidadão vota no que prefere.
Kirchner está inabilitada pela Constituição para exercer um terceiro mandato e inclinou a balança a favor de Scioli, um peronista moderado que não terá concorrentes internos.
Scioli, de 58 anos, foi vice-presidente de Néstor Kirchner e desde 2007 é governador da província de Buenos Aires, um distrito chave do tamanho da Itália que concentra quase 37% dos eleitores do país.
Se as previsões forem confirmadas, Macri, de 56 anos, vencerá com folga seus dois concorrentes na coalizão conservadora Cambiemos, o senador Ernesto Sanz e a deputada Elisa Carrió.
Já Sergio Massa, de 43 anos, deverá derrotar José Manuel de la Sota, atual governador da província de Córdoba (centro), segundo distrito eleitoral, na disputa interna da aliança UNA, de centro-direita e peronistas opositores ao governo.
Outros sete pré-candidatos presidenciais participarão das primárias. Dois deles se enfrentarão em uma interna da esquerda troskista, com a aspiração de superar o piso de 1,5% dos votos, necessário para poder competir em outubro.
Primárias na Argentina
As primárias argentinas foram criadas em 2009 e aplicadas pela primeira vez em 2011, ano em que a presidente Kirchner foi reeleita no primeiro turno com 54% dos votos.
A originalidade é que são primárias abertas, simultâneas e obrigatórias (PASO), ou seja, todos os partidos competem no mesmo dia e em todo o país.
No domingo os argentinos escolherão os integrantes de cada partido ou aliança que competirão em 25 de outubro nas eleições para escolher um presidente e renovar o Congresso, além de votar nos legisladores para o Parlasul, o Parlamento do Mercosul.
Assim, embora haverá um vencedor que oficializará sua candidatura em cada partido ou aliança, os analistas poderão comparar o resultado obtido pelas diferentes alianças, com uma projeção até outubro.
Em alguns casos são tantos os cargos a serem eleitos que a cédula eleitoral medirá até 1,20 metro, como na província de Catamarca (noroeste), que votará com a cédula mais longa da história eleitoral do país.
Distrito-chave
Com 11,8 milhão de eleitores (37% do total), a província de Buenos Aires, um reduto peronista de 300.000 km2, concentrará toda a atenção no domingo, quando dois pré-candidatos de peso se enfrentarão nas primárias da governante Frente Para La Victoria (FPV) para suceder Scioli, que a governa desde 2007.
O chefe de Gabinete de Kirchner, Aníbal Fernández, e o titular da Câmara de Deputados, Julián Domínguez, vêm aquecendo uma briga, embora todos tenham Scioli liderando suas respectivas cédulas eleitorais.
O peronista adversário ao governo Felipe Solá (UNA), que governou esta província entre 2002 e 2007, e a direitista María Eugenia Vidal (Cambiemos), buscam a investidora para suas candidaturas a governador de Buenos Aires para outubro, entre outros postulantes.