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Argentina planeja aumentar produção de combustíveis

Antes mesmo de assumir o controle da petrolífera Repsol-YPF, o governo argentino anunciou medidas para aumentar a produção de combustíveis

Atualmente, a Repsol tem 57,4% das ações da YPF – e são essas ações que o governo argentino quer expropriar (Philippe Desmazes/AFP)

Atualmente, a Repsol tem 57,4% das ações da YPF – e são essas ações que o governo argentino quer expropriar (Philippe Desmazes/AFP)

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Da Redação

Publicado em 18 de abril de 2012 às 06h58.

Buenos Aires – Antes mesmo de assumir o controle da petrolífera Repsol-YPF, o governo argentino anunciou medidas para aumentar a produção de combustíveis. O comunicado foi divulgado nessa terça-feira (17) à noite, um dia depois do envio ao Congresso do projeto de lei que expropria 51% das ações da empresa.

Anunciada segunda-feira (16) pela presidenta argentina, Cristina Kirchner, a expropriação dividiu argentinos e presidentes latino-americanos. O governo conta com a simpatia da maioria do Congresso, que precisa aprovar o projeto, mas os métodos e o tempo foram questionados na terça-feira (17) pela oposição.

A expropriação começou a ser debatida nessa terça-feira (17) no Senado. O ministro do Planejamento, Julio de Vido, e o vice-ministro da Economia, Axel Kicillof, culparam a empresa espanhola Repsol pela crise energética argentina. Ela comprou a maioria da YPF, quando a estatal argentina foi privatizada nos anos 1990. Mas, em 2007, vendeu 25,4% das ações ao grupo Petersen, da família argentina Eskenazi, que, na época, recebeu o apoio do então presidente Nestor Kirchner. Atualmente, a Repsol tem 57,4% das ações da YPF – e são essas ações que o governo argentino quer expropriar.

No debate, transmitido ao vivo pela televisão, de Vido e Kicillof acusaram a Repsol de ter repatriado todos os lucros à Espanha, sem investir na exploração e produção de energia na Argentina. Em 2011, a Argentina deixou de ser produtora de energia para virar importadora. Gastou US$ 9 bilhões na compra de petróleo e gás – quase o total do saldo da balança comercial do ano passado, de US$ 10 bilhões.

Segundo Kicillof, a Repsol não investiu na Argentina porque o preço do combustível no mercado interno estava congelado em US$ 60 o barril. No mercado internacional, vale US$ 100. A empresa, disse o vice-ministro, preferiu investir na produção de gasolina Premium – a mais cara -, em vez de suprir o mercado com combustível barato, para o transporte público e os aviões. Por isso, o governo decidiu recuperar o controle acionário da empresa.

Senadores da oposição questionaram a decisão do governo de expropriar apenas as ações da Repsol, sem mexer no patrimônio do grupo Petersen. Tambem responsabilizaram o governo pela falta de energia na Argentina, lembrando que os Kirchner estão no poder ha oito anos. Nestor Kirchner foi eleito em 2003 e sua mulher, Cristina, em 2007. Ela foi reeleita no ano passado, um mês depois da morte do marido.

O presidente da Repsol, Antonio Brufau, disse que a expropriação é “ilegítima” e que vai recorrer aos fóruns internacionais, além de cobrar uma indenização de US$ 10 bilhões. O ministro de Vido – nomeado interventor da empresa, junto com Kicillof – respondeu no mesmo dia, terça-feira. Ele disse que o valor da indenização ainda será determinado e que a Repsol também deveria pagar pelos estragos que fez.

O valor da indenização será tema de debate. As ações da Repsol-YPF vêm caindo desde que o governo argentino começou a criticar abertamente a empresa. Mas, segundo o analista politico Rosendo Fraga, o preco da expropriação vai além do que o governo terá que pagar à Repsol.

“A expropriação contribui para maior isolamento internacional da Argentina, e isso tem repercussões para a economia e para outras empresas nacionais”, disse, em entrevista à EBC. Na América Latina, a proposta de Cristina Kirchner foi apoiada pela Venezuela.

O presidente do México, Felipe Calderon, foi solidário com a Espanha. Nessa tercç-feira, ele recebeu a visita do primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy. A Espanha enfrenta uma das piores crises econômicas de sua história. Calderon manifestou “admiração” pela “coragem” de Rajoy e garantiu que o Mexico será solidário.

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