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Argentina está preocupada com 'guerra cambial'

Essa semana, Kirchner pedirá uma cooperação maior para evitar que as nações desenvolvidas transfiram suas crises para as mais vulneráveis.

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 20 de outubro de 2010 às 19h59.

Buenos Aires - A Argentina sofrerá o impacto de uma 'guerra cambial' se for desatada uma onda de desvalorizações e bolhas especulativas que prejudiquem as economias de seus sócios comerciais, alertam os analistas consultados pela AFP.

O governo da presidente Cristina Kirchner informou esta semana que na Cúpula do Grupo dos 20 (G20), em Seul, pedirá uma cooperação maior para evitar que as nações desenvolvidas transfiram suas crises para as mais vulneráveis.

"A desvalorização monetária (em países centrais) provoca certa valorização da moeda de países como o Brasil e o Chile (cujas moedas já estão se valorizando pelo alto preço das 'commodities)", comentou Fausto Spotorno, diretor de Estudos Econômicos da consultora Orlando Ferreres e Associados.

"No caso brasileiro, a indústria se vê prejudicada pela perda de competitividade e o déficit comercial industrial continua crescendo".

"O perigo é que, em curto prazo, sejam geradas bolhas (financeiras) e se desestabilize a economia em seu conjunto. Na Argentina, esta chuva de dólares é mais do tipo conta-gotas", enfatizou Gabriel Martini, especialista em Finanças Internacionais da Abeceb Consultoria Econômica.

Martini disse que o "o forte dos capitais está indo para o Brasil, diretamente para o mercado financeiro, e para o Chile, através do preço do cobre, que está muito alto por um fator especulativo".

A esse respeito, o ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, pediu esta semana aos líderes do G20 que cheguem a um acordo em Seul para desativar a 'guerra cambial' e evitar uma batalha comercial que intensifique o protecionismo.

José Fanelli, professor de Economia da Universidade de Buenos Aires, explica que o "Brasil tem um sério risco de bolha porque tem baixo investimento, déficit em conta corrente e uma taxa de juros valorizada".

Em compensação, a Argentina, um de seus maiores sócios, mantém a taxa de juros relativamente alta e controlada, o que lhe permitiu sair do colapso e do 'default' de 2001.

Mas a Bolsa e os investimentos em bônus soberanos tendem por maiores fluxos financeiros frente ao que o Banco Central não para de comprar e armazenar dólares, em seu afã de frear uma valorização do peso que afetaria as exportações argentinas (que cresceram 20,1% em janeiro-agosto em relação ao mesmo período de 2009).

"O problema maior pode acontecer se o Brasil decidir desvalorizar sua moeda, restringindo a entrada de capitais. Porque o Brasil é o principal destino das exportações industriais argentinas", enfatizou Spotorno.

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