Argentina: os disparos foram feitos por duas pessoas dentro de um carro estacionado na praça do Congresso da Nação (AFP/AFP)
EFE
Publicado em 9 de maio de 2019 às 14h40.
Última atualização em 9 de maio de 2019 às 15h08.
Buenos Aires — A ministra de Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, disse o alvo principal do ataque a tiros ao deputado governista Héctor Olivares na manhã desta quinta-feira era, na verdade, o assessor Miguel Marcelo Yadón, que morreu após ser baleado.
O ataque ao coordenador de Obras do Fundo de Fiduciário do Transporte Elétrico Federal da província de La Rioja ocorreu nesta manhã na praça que fica em frente ao Congresso da Nação, no centro de Buenos Aires. Câmeras de segurança mostram o veículo usado pelo grupo na ação, que algumas das principais figuras políticas da Argentina estão classificado como "atentado".
O deputado Héctor Olivares, da União Cívica Radical (UCR), está em estado grave no Hospital Ramos Mejía.
A ministra de Segurança exibiu um vídeo gravado por câmeras de segurança instaladas próximas ao local do crime. Olivares e Yadón são baleados por duas pessoas que estão no interior de um carro estacionado quando andavam pela praça do Congresso da Nação, no centro da capital.
"Apesar de a investigação ter começado agora, acreditamos que era ele (Yadón) que o grupo estava buscando", afirmou Bullrich em entrevista coletiva concedida ao lado do vice-prefeito e secretário de Segurança de Buenos Aires, Diego Santilli.
Na sequência, um dos criminosos deixa o carro. Olivares se move, chega até a se levantar, pedindo a ajuda, e é totalmente ignorado pelo homem que supostamente fez os disparos. Outro integrante do grupo sai do veículo, atravessa a rua tranquilamente e vai embora.
Um ciclista se aproxima do deputado, mas foge ao perceber o primeiro dos homens, que volta ao carro e deixa o local.
Santilli explicou que o automóvel estava há vários minutos estacionado atrás de um ônibus na praça, antes do deputado passar pelo local. Por esse motivo, as autoridades da Argentina acreditam que o ataque foi premeditado.
O veículo já foi apreendido em uma operação conjunta realizada pela Polícia de Buenos Aires e pela Polícia Federal. Agora, os agentes estão fazendo uma perícia do interior do carro.
Os autores do crime ainda não foram presos. Pablo Rossini, subdiretor do Hospital Ramos Mejía, para onde o deputado e o assessor foram levados, informou que Yadón morreu pouco depois de chegar ao local. Já Olivares foi operado com urgência, mas está em estado crítico e corre risco de morrer.
"Acreditamos que identificamos os assassinos, mas não vamos dar mais informações porque temos que encontrá-los e prendê-los. Pedimos prudência, porque é um caso de enorme gravidade institucional para o país", afirmou a ministra na entrevista.
"Passamos por um momento muito triste, sobretudo pela constatação sobre as máfias que atuam no nosso país", completou Bullrich.
Os investigadores acreditam que o alvo era o assessor do deputado porque os atiradores têm a oportunidade de assassinar Olivares, mas preferem fugir do local e deixá-lo vivo.
"Essas duas pessoas, uma mais velha e um mais jovem, saem do carro e atiram diretamente no alvo principal, que era Yadón. Podendo ter atirado e assassinado Olivares, eles não o fazem. O deputado fica sentado tentando pedir ajuda", afirmou Bullrich.
A ministra disse que está em contato com o juiz responsável pelo caso e que, apesar de não tratar o crime como político no momento, não descarta a hipótese de "conspiração à democracia".
Em menos de seis meses, a Argentina realizará eleições presidenciais e legislativas.
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, disse que as autoridades do país irão até "as últimas consequências" para encontrar os responsáveis pelo ataque a tiros ao deputado governista Héctor Olivares e a um de seus assessores, Miguel Marcelo Yadón, a poucos metros do Congresso.
"Quero dizer aos argentinos que a Polícia de Buenos Aires e a Polícia Federal já estão trabalhando. Vamos até as últimas consequências para entender o que é que ocorreu e encontrar os responsáveis", disse o presidente em comunicado.
Macri expressou condolências à família de Yadón e disse que está acompanhando o atendimento a Héctor no Hospital Ramos Mejía.
"Há alguns instantes conversei com a mulher e o filho de Héctor, Leandro. Imaginem como eles estão. Eles estão vindo para Buenos Aires e rezando para que possamos salvar a vida dele", disse Macri.
"Olivares é uma grande pessoa, homem trabalhador e preocupado com o país", ressaltou o presidente argentino.
Os moradores da região foram pegos de surpresa com a notícia e mostraram preocupação com o crime.
"Em 50 anos que vivo aqui, isso nunca aconteceu, assim de manhã, com a tranquilidade que há na democracia, nunca", disse em entrevista à Agência Efe uma moradora.
"Estou muito surpreso e também preocupado com o que ocorreu porque não é algo comum o que ocorreu nem em Buenos Aires e nem na Argentina", afirmou Juan, que trabalha nos arredores do Congresso.