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Argentina acusa Nisman de desvio e o chama de "sem-vergonha"

Para o chefe de Gabinete argentino, Nisman atuou como "um sem-vergonha como poucas vezes se viu neste país"


	Alberto Nisman: para o chefe de Gabinete argentino, Nisman atuou como "um sem-vergonha como poucas vezes se viu neste país"
 (REUTERS/Marcos Brindicci)

Alberto Nisman: para o chefe de Gabinete argentino, Nisman atuou como "um sem-vergonha como poucas vezes se viu neste país" (REUTERS/Marcos Brindicci)

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Da Redação

Publicado em 18 de março de 2015 às 10h29.

Buenos Aires - O chefe de Gabinete argentino, Aníbal Fernández, chamou nesta quarta-feira de "sem-vergonha" o promotor Alberto Nisman, quando se cumprem dois meses de sua morte em circunstâncias ainda não esclarecidas, e o acusou de "desvio de fundos públicos".

"Os fundos para esclarecer o atentado contra a Amia eram enviados para Nisman. Se ele o usava para sair com "minas" (mulheres) e pagar "ñoquis" (funcionários públicos que não trabalham), então ele zombou durante todo este tempo de 85 vítimas e mais de 300 feridos", disse hoje Fernández para a imprensa antes de entrar na Casa Rosada.

Segundo o jornal "Página 12", Nisman ficava com metade do salário mensal de seu funcionário Diego Lagomarsino, técnico em informático e único acusado até agora na investigação sobre sua morte.

Lagomarsino entregou a Nisman a arma que tirou sua vida e compartilhava uma conta com o promotor e vários de seus familiares nos Estados Unidos.

O advogado de Lagomarsino sustenta, em um informe que apresentará hoje para o Ministério Público, que o técnico recebia 41 mil pesos mensais (US$ 4.850) e depositava 20 mil pesos (US$ 2.350 dólares) em uma conta de Nisman, de acordo com informação antecipada pelo jornal.

Para o chefe de Gabinete argentino, Nisman atuou como "um sem-vergonha como poucas vezes se viu neste país".

"Lagomarsino diz que dos 40 mil pesos que recebia, 20 mil eram depositados na conta bancária. Por ora, o que está ocorrendo é desvio de fundos públicos e aqui também há suborno", sustentou Fernández.

"É difícil acreditar que este homem, estando de férias, iria para a casa de quem roubava metade do salário para lhe dar uma arma para que se cuidasse", acrescentou.

Nisman, promotor especial encarregado da investigação sobre o atentado terrorista contra a instituição judaica Amia, em 1994, foi encontrado morto em 18 de janeiro com um tiro na cabeça no banheiro de seu apartamento.

A investigação oficial não obteve provas conclusivas sobre as causas da morte, enquanto a denúncia constituída pela família, e liderada por sua ex-mulher, a juíza Sandra Arroyo Salgado, sustenta que Nisman foi assassinado.

Alberto Nisman morreu quatro dias após denunciar a presidente argentina, Cristina Kirchner, por encobrir os suspeitos iranianos do atentado contra a Amia.

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