Argélia: Massinissa Benlakehal contou que há um temor na Argélia com o avanço dos extremistas. (Kjetil Alsvik/AFP)
Da Redação
Publicado em 17 de janeiro de 2013 às 11h32.
Rio de Janeiro e Brasília - O sequestro de 40 estrangeiros na Argélia (África) – perto da fronteira com a Líbia, por um grupo extremista islâmico em reação à ação militar no Mali (África) – fez o governo argelino intensificar as forças de segurança no país. Desde ontem (16) foram enviados militares para as áreas de fronteira com o Mali, a Mauritânia e a Líbia. A estimativa é que sejam acionados mais de 45 mil homens para a proteção aérea, marítima e terrestre.
Em entrevista à Agência Brasil o jornalista argelino Massinissa Benlakehal, que acompanha o assunto, disse hoje (17) que a população da Argélia vê com receio o avanço dos extremistas islâmicos e os conflitos com as forças de segurança dos países envolvidos no processo. Segundo ele, os refugiados do Mali buscam abrigo e segurança no Sul da Argélia.
O grupo extremista – cujas traduções do nome variam entre Assinantes pelo Sangue, Luta contra o Sangue e Capuzes, comandado pelo argelino Mokhtar Belmokhtar, expulso da Al Qaeda do Magrebe Islâmico – assumiu a autoria do sequestro coletivo. O jornalista argelino indicou que Belmokhtar atua para fortalecer a liderança na região.
Massinissa Benlakehal contou que, ao mesmo tempo, há um temor na Argélia com o avanço dos extremistas, representados por diferentes grupos, pois eles seguem em direção às fronteiras do Sul do país e passam a dominar essas áreas.
“Há um temor na Argélia [principalmente das autoridades] em não conseguir controlar o movimento”, ressaltou o jornalista argelino. “Mas não é fácil prever as ações de terroristas, em especial, desse grupo”, destacou. “Os grandes líderes desses grupos são conhecidos por serem de Argélia.”
Segundo o jornalista argelino, antes da ação francesa no Mali, as autoridades da Argélia deram um alerta sobre o crescimento de grupos extremistas na região e seus avanços. “Desde o início, a Argélia alertou os países sobre um eventual aumento de riscos na região e que isso é impossível de controlar”, disse Massinissa Benlakehal.
Em relação aos reféns, mantidos pelo grupo de Belmokhtar, o jornalista argelino disse que as informações são desencontradas, pois há dados de que eram apenas 20 pessoas, depois o número subiu para 40. Há também notícias de que os argelinos sequestrados tenham sido liberados, sendo que apenas os estrangeiros são mantidos em poder dos sequestradores.
Os reféns foram capturados na base para os trabalhadores que faz parte de um conjunto de empresas Sonatrach-BP-Statoil, na região de Amenas, que fica a 1,3 mil quilômetros da fronteira da Argélia com a Líbia.