Mundo

Arcebispo chileno fica silêncio durante investigação sobre abusos sexuais

A autoridade mais alta da Igreja no Chile é investigada por encobrir opadre e seu ex-chanceler, Oscar Muñoz, envolvido em casos de abuso sexual

Chile: o arcebispo que foi chamado à justiça para depor, permaneceu em silêncio (Ivan Alvarado/Reuters)

Chile: o arcebispo que foi chamado à justiça para depor, permaneceu em silêncio (Ivan Alvarado/Reuters)

A

AFP

Publicado em 3 de outubro de 2018 às 16h50.

O cardeal arcebispo de Santiago, Ricardo Ezzati, escolheu nesta quarta-feira ficar em silêncio diante do promotor Emiliano Arias, que o intimou para depor como acusado do crime de ocultação de abuso sexual.

Ezzati, a mais alta autoridade da Igreja católica chilena a sentar no banco dos réus, responde por supostamente encobrir o padre e ex-chanceler do arcebispado de Santiago, Oscar Muñoz, acusado de abuso sexual e estupro de pelo menos sete crianças.

Muñoz foi o primeiro padre preso e levado à justiça em maio passado depois que o papa Francisco adotou medidas corretivas após a crise de abuso sexual de menores sofrida pela Igreja Católica do Chile.

Ao chegar às dependências do Ministério Públicode Rancagua, sul de Santiago, em meio a uma forte proteção policial e presença da mídia, Ezzati viu um solitário manifestante que exibia um cartaz com os dizeres: "Igreja romana depravada".

Ao final de uma hora, o religioso deixou o prédio em meio ao caos, afirmando para todos: "Vamos colaborar com tudo".

No entanto, seu advogado, Hugo Rivera, relatou mais tarde que Ezzati reservara seu direito de permanecer em silêncio.

"Por enquanto o cardeal não fez declarações. Iremos discutir com o Ministério Público a declaração final", declarou o advogado.

"O covarde cardeal Ezzati vai testemunhar como acusado e decide não falar para não se incriminar. Onde está o 'colaborarei em tudo com a justiça'? Os bispos delinquentes vão ter que um dia acabar na cadeia, eles destruíram tantas vidas!", declarou, em seu Twitter, o jornalista Juan Carlos Cruz, vítima de abuso sexual pelo ex-padre Fernando Karadima, que o papa Francisco expulsou da Igreja na última sexta-feira.

O advogado de Ezzati explicou que o religioso optou pelo silêncio nesta quarta após a decisão de terça-feira do tribunal de Rancagua de declarar-se "incompetente" em uma das acusações contra Oscar Muñoz e transferir o caso para Santiago.

Sua posição à frente da Igreja está sob a lupa do papa Francisco, que está determinado a dar um fim ao que ele mesmo definiu como "uma cultura de abuso" na Igreja chilena.

Algumas vozes asseguram que o pontífice o manteve em seu cargo porque não encontrou um substituto.

No total, de acordo com um balanço mais recente do Ministério Público, o sistema de justiça chileno mantém 119 casos abertos por alegações de abuso sexual.

Acompanhe tudo sobre:abuso-sexualChileIgreja CatólicaVaticano

Mais de Mundo

'É engraçado que Biden não perdoou a si mesmo', diz Trump

Mais de 300 migrantes são detidos em 1º dia de operações sob mandato de Trump

Migrantes optam por pedir refúgio ao México após medidas drásticas de Trump

Guerra ou acordo comercial? Gestos de Trump indicam espaço para negociar com China, diz especialista