Arábia Saudita: governo saudita considerou a queixa canadense uma "ingerência" (Faisal Al Nasser/Reuters)
EFE
Publicado em 8 de agosto de 2018 às 17h52.
Riad - O ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Adel al-Jubeir, disse nesta quarta-feira que o Canadá sabe "o que tem que fazer" e que o reino espera que o país "corrija" a sua postura, para que a crise diplomática aberta depois que governo canadense pediu a liberdade de ativistas sauditas detidos possa ser solucionada.
"Não há nada o que mediar. O Canadá sabe o que tem que fazer: tem que corrigir o que fez. Estamos à espera disso", destacou ele, em entrevista coletiva em Riad, ao falar sobre um possível processo de mediação entre os dois países para resolver a crise diplomática criada.
A ministra das Relações Exteriores do Canadá, Chrystia Freeland, pediu na semana passada, pelo Twitter, a libertação da ativista Samar Badawi, detida em 30 de julho, e a do irmão dela, Raif Badawi, condenado a dez anos de prisão e a mil chibatadas por "insultar o islã".
O governo saudita considerou a queixa canadense uma "ingerência". Na segunda-feira, expulsou o embaixador e chamou o representante do país em Ottawa para consultas. Além disso, suspendeu transações comerciais, investimentos, programas de cooperação em saúde e educação, e até os voos entre a capital saudita e Toronto.
"O Canadá tem que entender que o que fez é inaceitável para o reino e para os países árabes e que as medidas adotadas até o momento por Riad servem para que o Canadá entenda isto", enfatizou Adel al-Jubeir.
O ministro reiterou que a Arábia Saudita não aceita ordens e ingerências de outros Estados em assuntos internos e indicou que para o reino "é difícil lidar com um país que se considera no direito de interferir no assunto dos outros". Segundo ele, os investimentos canadenses no país "estão protegidos", mas que a crise afetará os futuros.
Ele aproveitou e defendeu a postura do reino com relação aos ativistas detidos, que estão sendo investigados por ordem judicial.
"Isso não tem a ver com direitos humanos ou com defensores dos direitos humanos, mas com segurança do Estado", ressaltou o ministro, lembrando que quem provou não ter culpa já foi solto.
Segundo a ONG CGDH, com sede em Beirute (Líbano), 20 defensores dos direitos humanos, muitos deles ativistas em defesa dos direitos da mulher, foram detidos na Arábia Saudita desde meados de maio.