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Arábia Saudita admite que jornalista foi morto em consulado de Istambul

Rei Salman da Arábia Saudita determinou criação de uma comissão ministerial presidida pelo príncipe herdeiro para reestruturar serviços de inteligência

Jornalista morto Khashoggi: procurador-geral saudita, Sheikh al-Mojeb, publicou um comunicado sobre o caso (April Brady/Project on Middle East Democracy/Flickr)

Jornalista morto Khashoggi: procurador-geral saudita, Sheikh al-Mojeb, publicou um comunicado sobre o caso (April Brady/Project on Middle East Democracy/Flickr)

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AFP

Publicado em 20 de outubro de 2018 às 09h57.

A Arábia Saudita admitiu neste sábado que o jornalista dissidente Jamal Khashoggi foi assassinado dentro de seu consultado em Istambul, mais de duas semanas após seu desaparecimento provocar uma das piores crises internacionais do reino.

"As discussões entre Jamal Khashoggi e aqueles com quem ele se reuniu no consulado do reino em Istambul degeneraram para uma briga corporal, levando à sua morte", reportou a Agência de Notícias saudita (SPA), citando a Procuradoria.

Após o anúncio, o rei Salman da Arábia Saudita determinou a criação de uma comissão ministerial presidida pelo príncipe herdeiro, Mohamed bin Salman, para reestruturar os serviços de inteligência.

Esta comissão deverá "definir precisamente os poderes" dos serviços de inteligência, segundo fontes sauditas.

Riad informou ainda a destituição do vice-presidente do Serviço Geral de Inteligência, Ahmad al Asiri, e do conselheiro da corte real Saud al Qahtani.

Os dois são colaboradores próximos de Salman, sob pressão nos últimos dias devido ao escândalo em torno da morte do jornalista.

Segundo o reino, 18 pessoas já foram detidas como parte das investigações sobre a morte de Jamal Khashoggi.

Em Washington, a Casa Branca informou que os Estados Unidos estão "tristes" com a informação sobre a morte de Khashoggi, mas não citou qualquer ação contra os sauditas ligada ao caso.

A porta-voz da Casa Branca Sarah Sanders disse que Washington "acompanha de perto as investigações internacionais sobre este trágico incidente".

"Estamos tristes de saber da confirmação da morte de Khashoggi e manifestamos nossas mais sentidas condolências à sua família, noiva e amigos".

Já o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que considera "críveis" as explicações do governo saudita sobre a morte de Khashoggi.

"Ainda é cedo, não concluímos nossa investigação e nossa avaliação" sobre o caso, "mas penso que trata-se de um passo muito importante", disse Trump sobre a admissão de Riad sobre a morte do jornalista.

O presidente destacou que se os Estados Unidos forem obrigados a adotar medidas sobre a morte de Khashoggi, não deseja que isto afete as vendas bilionárias de armas americanas aos sauditas.

"Eu preferiria, no caso de haver alguma forma de sanção (...), que não se cancele os 110 bilhões de dólares de valor de trabalho, que significam 600 mil empregos", disse o presidente durante uma visita ao Arizona, em referência a um acordo de vendas de armas ao reino.

Mais cedo nesta sexta-feira, antes do reconhecimento de Riad sobre a morte do jornalista no consulado, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, advertiu que Washington tem uma "ampla gama" de respostas ao incidente.

Os Estados Unidos são o principal apoio da Arábia Saudita no cenário internacional e Riad representa um aliado fundamental no Oriente Médio para Washington.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Gutierres, se declarou "profundamente preocupado com a confirmação da morte de Jamal Khashoggi" e "fez chegar suas condolências à família e amigos" do jornalista".

Guterres também pediu uma investigação "exaustiva e transparente" sobre as circunstâncias da morte.

Na véspera, o porta-voz da ONU Stéphane Dujarric declarou que "se todas as partes concordarem", poderá ocorrer uma investigação internacional da ONU sobre o caso.

Khashoggi, que estava exilado nos Estados Unidos após uma onda de detenções em setembro de 2017 no reino saudita, era um severo crítico dos "excessos" do príncipe Mohamed.

A imprensa turca afirma que o jornalista foi torturado e assassinado de maneira selvagem dentro do consulado em Istambul, onde foi para resolver trâmites do seu casamento com a turca Hatice Cengiz.

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