Evo Morales: ele poderá promover novas reformas legais e modificar a própria Constituição (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2014 às 06h34.
La Paz - O resultado da apuração de 42,56% das urnas, divulgado nesta segunda-feira (data local) pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) da Bolívia, confirma a vitória do presidente Evo Morales nas eleições realizadas no domingo, como já tinham antecipado as pesquisas de boca de urna divulgadas após a votação.
Os dados da apuração começaram a ser publicados na tarde de segunda na Bolívia, após mais de 24 horas sem informações sobre o resultado. O TSE atribuiu a demora a problemas técnicos e a uma suposta ameaça de ataque de hackers contra o sistema eleitoral.
Segundo os dados divulgados até agora, que não chegam à metade dos votos registrados, Morales conquistaria seu terceiro mandado com 53,7% de apoio contra 30% do principal candidato da oposição, Samuel Doria Medina, e 11,52% do ex-presidente Jorge Quiroga.
Os levantamentos de boca de urna já tinham dado ao atual governante uma vitória com cerca de 60% do total de votos. Até a oposição já tinha reconhecido a vitória de Morales por causa da boa reputação desse tipo de pesquisa na Bolívia.
Antes mesmo dos resultados oficiais, Morales, em entrevista coletiva, se declarou vitorioso e acrescentou que seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS), conquistou uma grande vitória ao garantir dois terços da Assembleia Legislativa, o que lhe permitirá governar confortavelmente sem necessidade de acordos com a oposição.
Morales poderá então promover novas reformas legais e modificar a própria Constituição, algo que vem ocorrendo desde 2009, quando os governistas dominaram o Congresso.
Durante a campanha, a oposição expressou seu temor pelo domínio do MAS no Legislativo, dizendo que o controle poderia significar uma proposta de reeleição indefinida, algo que o governo nega.
Embora as pesquisas de boca de urna tenham apontado que Morales venceu pela primeira vez no tradicionalmente opositor departamento de Santa Cruz, Samuel Doria Medina está na frente por quase dois pontos percentuais no resultado parcial divulgado até o momento.
Em entrevista à Agência Efe, o porta-voz do TSE, Ramiro Paredes, disse que problemas de logística e supostas ameaças de hackers atrasaram a apuração, impedindo o anúncio dos resultados até a meia-noite de domingo.
Paredes afirmou que alguns dos membros do órgão eleitoral receberam em seus celulares "mensagens anônimas" de que o sistema de transmissão do TSE seria sabotado, o que obrigou as autoridades a reforçarem a segurança.
Houve também atraso no trabalho dos mesários, "que resultou em um efeito dominó em todas as atividades posteriores", acrescentou Paredes.
A legislação eleitoral da Bolívia permite que os tribunais departamentais enviem seus relatórios ao TSE em até sete dias. Há ainda o acréscimo de outros cinco dias para a divulgação do resultado final oficial, disse o porta-voz.
A missão de observação eleitoral enviada pela Organização dos Estados Americanos (OEA) ao país afirmou em seu relatório sobre as eleições que "não é conveniente que conclusões sejam tiradas a partir das pesquisas boca de urna".
O documento também qualifica o processo de apuração do país como "extremamente lento" e recomenda que a Bolívia desenvolva um sistema eficaz de transmissão e divulgação dos resultados preliminares.
A ausência inicial de dados oficiais não foi empecilho para que o governo de vários países parabenizassem Morales pela vitória.
Mais de seis milhões de bolivianos votaram para escolher o presidente, vice-presidente e novos integrantes do Legislativo do país.
A votação ocorreu com normalidade e com alta participação. Mais de 200 observadores de organismos internacionais acompanharam a realização do pleito.