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Após seis meses de emergência sanitária, Portugal sai do confinamento

País reabre fronteira terrestre com Espanha, realiza primeiros shows de teste e aumenta do horário de funcionamento de cafés, restaurantes, lojas e espaços culturais

Portugal: estado de emergência foi reduzido em um nível, para uma "situação de calamidade" (PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP)

Portugal: estado de emergência foi reduzido em um nível, para uma "situação de calamidade" (PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP)

TL

Thiago Lavado

Publicado em 1 de maio de 2021 às 14h38.

Após seis meses de estado de emergência sanitária, marcado por um inverno letal, Portugal deu início no sábado, 1°, à última fase de uma gradual flexibilização do confinamento que, até agora, não provocou uma nova onda da epidemia de covid-19.

A flexibilização das restrições sanitárias continua este fim de semana, com a reabertura da fronteira terrestre com Espanha, os primeiros shows de teste e o aumento do horário de funcionamento de cafés, restaurantes, lojas e espaços culturais.

"Isso me dá a sensação de recuperar a liberdade", disse Clara Nogueira à AFPTV, na fila para assistir a um concerto-teste com 400 espectadores em Braga, no noroeste do país, ao ar livre, mas com máscaras, distância social e controle de temperatura obrigatório.

As associações e promotores que montaram a operação esperam convencer as autoridades a continuarem a com a retirada das restrições para "salvar o verão" do setor cultural "enquanto aguardam alcançar a imunidade de grupo", explica um dos seus dirigentes, Álvaro Covoes.

Com uma incidência do coronavírus reduzida pela metade desde o início do desconfinamento, a 66 casos para cada 100.000 habitantes, Portugal ocupava a 93ª posição mundial neste sábado. No início do ano, o país estava no topo da lista.

Respeito "exemplar" das regras

Na sexta-feira não houve morte causada pela covid-19, o segundo dia desta semana. Era algo que não acontecia desde agosto de 2020. Desde o início da pandemia, o país de 10 milhões de habitantes registrou quase 17 mil mortes.

Com recordes diários de mais de 16.000 casos e 300 mortes, a onda violenta atingiu o pico no final de janeiro, provocando a saturação de muitos hospitais portugueses, mas foi também "uma das ondas mais rapidamente controladas do mundo", segundo o virologista Pedro Simas.

Isso se deve, segundo ele, a dois fatores principais: "respeito exemplar às normas de saúde e imunidade adquirida por 30 a 40% da população", por infecção ou vacinação.

Quase 22% da população portuguesa recebeu pelo menos uma dose da vacina e até ao final de maio todas as pessoas com mais de 60 anos, as mais vulneráveis, deverão ser vacinadas.

Situação de calamidade

Por este motivo, o governo pretende aliviar ainda mais as restrições em vigor, disse na quinta-feira o primeiro-ministro António Costa, embora tenha apelado à prudência porque "o país não pode considerar que a situação está resolvida".

Na madrugada de sexta para sábado, o estado de emergência foi reduzido em um nível, para uma "situação de calamidade". Este marco legal permite às autoridades manter fechados determinados setores de atividade, impor o uso de máscaras ou prosseguir com a obrigação teletrabalho quando possível.

Os controles nas fronteiras terrestres com a Espanha, restabelecidos desde o fim de janeiro, foram suspensos. Mas o ministério do Interior anunciou no sábado a prorrogação das restrições de viagens até pelo menos 16 de maio.

Até então, apenas viagens consideradas essenciais serão permitidas e viajantes procedentes de países com incidência superior a 500 casos por 100.000 habitantes, como o Brasil, devem respeitar a quarentena de 14 dias.

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