Policiais afegãos: batalha por Helmand contribui para uma perspectiva preocupante para o governo no Afeganistão (Zohra Bensemra/Reuters)
Da Redação
Publicado em 30 de junho de 2014 às 13h49.
Helmand - As forças afegãs combatiam o Taleban no sul da província de Helmand nesta segunda-feira pela segunda semana seguida, disseram autoridades e moradores, buscando reafirmar o controle sobre um distrito estratégico apenas algumas semanas após a saída das tropas norte-americanas da região.
A batalha por Helmand contribui para uma perspectiva preocupante para o governo no Afeganistão, onde o Taleban, no poder entre 1996 e 2001, procura expulsar as forças estrangeiras e estabelecer um Estado islâmico.
As forças afegãs mantiveram com o apoio aéreo dos Estados Unidos o controle da província este ano, mas agora vão ter de combater sozinhas a crescente insurgência do Taleban, após a maioria das tropas estrangeiras deixarem o país no final do ano.
Cerca de metade do ópio do Afeganistão é produzido em Helmand, de acordo com a Organização das Nações Unidas. Segundo a ONU, a produção anual aumentou em cerca de um terço em 2013.
No ano passado a colheita abundante proporcionou um impulso financeiro para os insurgentes, cujos redutos estão no sul, além de favorecer as redes criminosas no transporte de droga pela fronteira com o Irã.
Autoridades disseram que as forças de segurança afegãs estavam em vantagem na batalha, tendo recuperado esta semana o controle sobre grande parte do distrito de Sangin, um trecho da rota de comércio de ópio para o Ocidente, nesta semana.
A versão oficial foi contestada pelos moradores que disseram que os combatentes do Taliban continuaram a atacar o Exército e a polícia, partindo de seus esconderijos nas aldeias.
"Há ainda combates, mas não tão intensos como há três ou quatro dias", disse o chefe do distrito de Sangin, Suliman Shah, à Reuters. "No geral, a situação de segurança está sob controle." Tropas afegãs estacionados lá ficaram sem munição e comida, mas novos suprimentos já chegaram, acrescentou.
A ofensiva do Taleban começou há dez dias, quando cerca de 1.000 combatentes atacaram sedes do governo e postos policiais espalhados por todo o distrito, aparentemente encorajados pela partida das tropas norte-americanas em maio.
O número de vítimas é difícil de verificar, mas cerca de 50 policiais, soldados e civis teriam sido mortos nos primeiros dias de luta, segundo forças de segurança.
Um líder tribal em Sangin disse que o Taleban havia abandonado a estratégia de tiroteios nesta semana e, em vez disso, está colocando bombas na rua e, em seguida, refugiando-se em aldeias no distrito de Kajaki, mais ao norte.
"O Taleban sai de seus esconderijos, planta bombas e depois foge. Ontem, pelo menos dois policiais locais foram mortos por suas bombas de beira de estrada", disse o líder tribal Mohammad Hashim Sanginzoi.
Ainda há dúvidas sobre se um pequeno contingente de tropas norte-americanas vai permanecer no Afeganistão, já que o presidente Hamid Karzai se recusou a assinar um acordo-chave de segurança bilateral com Washington.
O Afeganistão e sua força de segurança de cerca de 350 mil membros é dependente de ajuda externa para a maior parte de sua receita e, sem a presença militar dos Estados Unidos, a ajuda deve diminuir.
Embora ambos os candidatos à presidência tenham se comprometido a assinar o contrato imediatamente caso eleitos, o resultado do segundo turno de 14 de junho está sendo contestado por um dos candidatos, sob alegação de fraude.
Os resultados preliminares da eleição deverão ser anunciados na quarta-feira.