Depois de se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir a transparência nos resultados das eleições venezuelanas, o presidente chileno, Gabriel Boric, condenou a decisão do Ministério Público da Venezuela de abrir uma investigação penal contra os opositores María Corina Machado e Edmundo González Urrutia sob a acusação de usurpação de funções e divulgação de informações falsas.
"Agora, o regime de Maduro anuncia perseguição penal contra González e Machado, enquanto reprime seu próprio povo que exige o respeito à sua vontade expressa democraticamente. Defendemos o respeito aos direitos humanos dos manifestantes e dos líderes da oposição", disse Boric no X.
Oposição pede apoio aos militares
González e a líder opositora pediram nesta segunda-feira que os policiais e militares do país parem a repressão contra a população venezuelana, especialmente entre aqueles que contestam os resultados do pleito que deu a vitória a Maduro no dia 28 de julho. A carta conjunta da dupla foi publicada uma semana após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país, alinhado com o governo, anunciar a reeleição do líder chavista com 51,2% dos votos, num resultado contestado pela oposição e boa parte da comunidade internacional.
"Fazemos um apelo à consciência dos militares e policiais para que fiquem ao lado do povo e de suas próprias famílias. Com essa massiva violação de direitos humanos, a alta cúpula está se alinhando com Maduro e seus interesses vis", diz a carta publicada nas redes sociais de ambos os opositores.
"Enquanto isso, vocês estão representados por esse povo que saiu para votar pelos seus companheiros das Forças Armadas Nacionais, por seus familiares e amigos, cuja vontade foi expressa no dia 28 de julho e que vocês conhecem."
Ação do Ministério Público
Após a divulgação do documento, o Ministério Público anunciou a abertura de uma investigação penal contra os opositores. Segundo o procurador-geral Tarek William Saab, o MP considera que ambos cometeram os crimes ao anunciar falsamente um vencedor das eleições presidenciais diferente do anunciado pelo CNE.
Diante da pressão interna e externa pela divulgação transparente dos resultados, o chefe do CNE, Elvis Amoroso, entregou nesta segunda-feira ao Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) as atas das eleições presidenciais. Mais cedo, durante a reunião do Partido Socialista da Venezuela (PSUV), o vice-presidente do partido e número dois do chavismo, Diosdado Cabello, afirmou que aguardavam o sinal do TSJ para entregar as atas eleitorais para revisão. Ele também mencionou que o partido e o Grande Polo Patriótico têm todas as atas, que estavam à disposição do TSJ e que Maduro já havia se dirigido ao tribunal para que tudo seja revisado.
"O setor de oposição tem 9 mil documentos que não são atas. O PSUV tem todas as atas e elas estão à disposição do TSJ, como foi noticiado", acrescentou.
Segundo os resultados anunciados pelo órgão na semana passada, Maduro recebeu 6,4 milhões dos votos contra 5,3 milhões de González, com base na contagem de 96,87% das atas. A oposição, entretanto, alega ter cópia de mais de 80% das atas eleitorais — ainda não apresentadas pelo CNE — e diz que González Urrutia obteve 67% dos votos. Os documentos da oposição foram publicados na internet de forma independente, mas outras análises corroboram que González recebeu mais votos do que o presidente.
Maduro, que recebeu uma declaração de "lealdade absoluta" do alto comando militar na semana passada, alega que há uma tentativa de "golpe de Estado" em curso.
Horas após o primeiro boletim que deu a vitória a Maduro, estouraram manifestações que foram reprimidas pelas forças de segurança, deixando pelo menos 11 civis mortos, segundo organizações de defesa dos direitos humanos. Segundo o governo, há mais de 2.000 detidos e dois militares morreram, apesar de as ONGs, como a Foro Penal, apontarem um número menor (988, sendo 91 deles adolescentes).
Seguindo os Estados Unidos e o Peru, Equador, Panamá, Uruguai, Guatemala e Costa Rica reconheceram na sexta-feira a vitória de González Urrutia nas eleições na Venezuela. Enquanto isso, Brasil, México e Colômbia tentam conter um efeito cascata na região: após conversas sobre a crise, os chanceleres dos três países cogitam ir a Caracas nos próximos dias para tentar negociar uma saída para a crise política do país.
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Pessoas batem em panelas em manifestação após a eleição de Maduro, em Caracas, na segunda-feira
(Pessoas batem em panelas em manifestação após a eleição de Maduro, em Caracas, na segunda-feira)
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Um homem cobre o rosto com gás lacrimogêneo durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas, na segunda-feira
(Um homem cobre o rosto com gás lacrimogêneo durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas, na segunda-feira)
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Manifestantes montaram uma barricada durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Valência, no estado de Carabobo.
(Manifestantes montaram uma barricada durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Valência, no estado de Carabobo.)
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Um manifestante chuta uma faixa de campanha do presidente venezuelano Nicolás Maduro durante um protesto em Valência, no estado de Carabobo.
(Um manifestante chuta uma faixa de campanha do presidente venezuelano Nicolás Maduro durante um protesto em Valência, no estado de Carabobo.)
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Policiais removem destroços durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Policiais removem destroços durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
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Um manifestante devolve à polícia uma lata de gás lacrimogêneo durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Um manifestante devolve à polícia uma lata de gás lacrimogêneo durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
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Manifestantes incendiaram uma barricada durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Manifestantes incendiaram uma barricada durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
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Opositor ao governo pisa num cartaz de campanha eleitoral com a imagem de Maduro durante um protesto no bairro Petare, em Caracas, na segunda-feira
(Opositor ao governo pisa num cartaz de campanha eleitoral com a imagem de Maduro durante um protesto no bairro Petare, em Caracas, na segunda-feira)
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Manifestantes entram em confronto com a polícia perto de um carro blindado da polícia durante um protesto contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Manifestantes entram em confronto com a polícia perto de um carro blindado da polícia durante um protesto contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
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10/20
Um policial carrega um colega ferido durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas.
(Um policial carrega um colega ferido durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas.)
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11/20
Os opositores do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.
(Os opositores do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.)
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Opositor do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.
(Opositor do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.)
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Os opositores do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.
(Os opositores do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.)
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Um oponente do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro bate uma panela durante um protesto no bairro Catia, em Caracas.
(Um oponente do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro bate uma panela durante um protesto no bairro Catia, em Caracas.)
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Um manifestante bate uma panela na cabeça durante um protesto contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Um manifestante bate uma panela na cabeça durante um protesto contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
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Um policial cai no chão ferido durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas.
(Um policial cai no chão ferido durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas..)
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Manifestantes participam de um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Valência, no estado de Carabobo.
(Manifestantes participam de um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Valência, no estado de Carabobo.)
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Manifestantes queimam um cartaz publicitário durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Manifestantes queimam um cartaz publicitário durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
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Oponentes do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro entram em confronto com a polícia de choque durante um protesto no bairro de Catia, em Caracas.
(Oponentes do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro entram em confronto com a polícia de choque durante um protesto no bairro de Catia, em Caracas.)
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Policiais protegem-se dos manifestantes durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas.
(Policiais protegem-se dos manifestantes durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas.)