Bento XVI na Praça de São Pedro, no Vaticano, no dia 24 de fevereiro: ele é o primeiro Papa a renunciar em 700 anos (Alberto Pizzoli/AFP)
Da Redação
Publicado em 26 de fevereiro de 2013 às 13h57.
Cidade do Vaticano - A dois dias de sua histórica renúncia, o Papa se prepara para deixar o Vaticano, sem cerimônia, para se retirar em oração e estudos sob o título de "Sua Santidade Bento XVI, Papa Emérito".
Depois de duas semanas de incertezas, o porta-voz do Vaticano indicou nesta terça-feira qual será o próximo título de Joseph Ratzinger, um título muito parecido com o anterior: "Sua Santidade Bento XVI, Papa emérito ou Sua Santidade Papa Bento XVI, Pontífice romano emérito".
Com uma simplicidade correspondente ao seu temperamento, o Papa de 85 anos concluirá suas tarefas quinta-feira às 19h00 GMT (16h00 no horário de Brasília).
Bento XVI, depois da renúncia, vestirá a "clássica batina branca" papal, diferente da utilizada pelos papas. Não usará mais os famosos sapatos vermelhos, mas sim marrons, incluindo um par que foi dado a ele durante sua viagem ao México, em março, e que ele aprecia muito, explicou o padre Lombardi.
"Em oração", o Santo Padre se prepara para a audiência-geral de quarta-feira, seu último encontro com os fiéis. Também organizará seus papéis nos cômodos que irá deixar, segundo o porta-voz.
"Ele precisa separar os documentos sobre o governo da Igreja e suas funções anteriores" (prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé), que devem ser arquivados, e as anotações de caráter mais pessoal, que seguirão para sua nova casa".
Seu secretário particular, o bispo Georg Gänswein, lerá uma seleção de mensagens de todo o mundo, entre elas a de muitos chefes de Estado, e "o ajudará a responder a elas".
Para esta última audiência, 50.000 ingressos foram reservados, sem mencionar as milhares de pessoas que devem se reunir na Praça São Pedro e na Via della Conciliazione, a larga avenida que leva ao Vaticano.
Essa audiência respeitará o mesmo trajeto das outras anteriores. Ainda sim, Joseph Ratzinger "fará um passeio mais longo do que o habitual no papamóvel" no início, explicou o padre jesuíta.
Não haverá o "baciamano", o desfile de pessoas que têm o privilégio de beijar o anel do Papa e trocar algumas palavras com ele, no final da audiência. "O Santo Padre está ciente de que todo mundo quer cumprimentá-lo e, portanto, não quer fazer distinções", explicou Bertoni. Em seguida, haverá uma breve audiência na Sala Clementina para algumas pessoas, como o presidente eslovaco Ivan Gasparovic.
Na manhã seguinte, no Palácio Papal, o decano do Colégio de Cardeais, Angelo Sodano, fará um pequeno discurso de despedida, e então cada cardeal poderá separadamente de despedir.
Durante a tarde, no Tribunal de Saint-Damase, no coração do pequeno Estado, a Guarda Suíça carregará suas bandeiras em saudação.
Em seguida, ele irá para o heliporto do Vaticano às 16h00 GMT para viajar a Castel Gandolfo, 25 quilômetros ao sul de Roma, a residência de verão do Papa, onde passará dois meses, antes de se estabelecer em um mosteiro no Monte do Vaticano.
Chegará à residência de verão, saudará os fiéis a partir da varanda: esta será sua última aparição como chefe da Igreja. Nada de especial está previsto quando o relógio badalar oito horas. Ele provavelmente estará em oração na capela neste momento.
Às 20h00, o pequeno destacamento da Guarda Suíça, em frente à residência, fechará a porta e colocará assim um fim ao seu serviço, reservado exclusivamente para o Papa. Mas a polícia vai continuar a garantir a segurança de "Sua Santidade, o Papa Emérito".
No Vaticano, a Guarda Suíça continuará a fazer a proteção, apesar do "trono vacante".
No dia seguinte à renúncia, o cardeal Angelo Sodano enviará os convites aos cardeais eleitores - atualmente 115- para as "congregações" que precedem o Conclave. Estas reuniões, durante as quais os prelados procuram definir o perfil do futuro Papa, não devem começar antes de segunda-feira.
*Matéria atualizada às 13h57