Comissão eleitoral conta votos em Donetsk, Ucrânia: duas províncias do leste clamaram vitória nos referendos pela autonomia regional (Maxim Zmeyev/Reuters)
Da Redação
Publicado em 12 de maio de 2014 às 17h21.
Moscou - A Rússia pediu ao governo interino da Ucrânia nesta segunda-feira que debata a estrutura futura do país depois que os separatistas de duas províncias do leste clamaram vitória nos referendos pela autonomia regional realizados no fim de semana.
Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores russo disse que "as autoridades de Kiev continuam a mostrar uma indisposição criminosa para dialogar com o seu próprio povo" e exortou o governo a realizar reuniões com representantes do leste e do sul do país.
"Os resultados preliminares das urnas mostram de modo convincente um desejo real de parte dos cidadãos de Donetsk e Luhansk pelo direito de tomar decisões independentes sobre questões de importância vital para eles", afirmou o comunicado.
A declaração não chegou a defender a independência destas regiões ou a sua anexação à Rússia, dizendo: "Acreditamos que os resultados dos referendos deveriam ser postos em prática na forma de diálogo entre Kiev, Donetsk e Luhansk".
Moscou mobilizou tropas perto da fronteira ucraniana, despertando temores de que teria a intenção de absorver áreas do leste onde predominam falantes de russo, na esteira da anexação da península da Crimeia em março.
A Rússia nega ter tais intenções, mas alguns analistas suspeitam que o presidente russo, Vladimir Putin, queira tirar vantagem do sentimento separatista para manter a Ucrânia instável e evitar que o governo interino pró-Ocidente assuma o controle.
O Kremlin afirmou que Putin e o chefe da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), Didier Burkhalter, concordaram nesta segunda-feira que o organismo deve fazer mais para fomentar o diálogo entre o governo ucraniano e os separatistas do leste.
Durante um telefonema, Putin e Burkhalter destacaram "a importância de aumentar os esforços na linha da OSCE para resolver a situação de crise, incluindo o estabelecimento de um diálogo direto entre as autoridades de Kiev e representantes das regiões do sudeste da Ucrânia", disse o Kremlin.