Espanha: a Itália se recusou a receber o navio com 107 imigrantes (Guglielmo Mangiapane/Reuters)
EFE
Publicado em 18 de agosto de 2019 às 10h50.
Madri — O governo da Espanha ofereceu neste domingo o porto do município de Algeciras, na região sulista da Andaluzia, para receber o navio humanitário Open Arms, que aguarda em frente à ilha italiana de Lampedusa com 107 migrantes resgatados no Mediterrâneo central.
O presidente do governo espanhol em exercício, Pedro Sánchez, ordenou a habilitação do porto devido à "recusa de Matteo Salvini (ministro do Interior da Itália) e às dificuldades expostas por outros países do Mediterrâneo" para o recebimento do navio, segundo um comunicado oficial.
A embarcação, que pertence à ONG espanhola Open Arms, foi autorizada por um tribunal italiano a entrar nas águas do país, mas Salvini se nega a permitir que atraque em algum porto para desembarcar os migrantes.
No sábado, pressionado pelo primeiro-ministro, Giuseppe Conte, Salvini autorizou com má vontade o desembarque dos 27 menores desacompanhados que estavam no navio desde o dia 1º de agosto, quando foram resgatados.
O governo espanhol argumenta que a decisão adotada neste domingo se deve à situação "de emergência vivida a bordo" após duas semanas de navegação.
"A inconcebível resposta das autoridades italianas, e concretamente do ministro do Interior, Matteo Salvini, de fechar todos os portos, e as dificuldades expostas por outros países do Mediterrâneo central, levaram a Espanha a liderar novamente a resposta a uma crise humanitária", ressalta o comunicado.
De acordo com a nota, "os portos espanhóis não são os mais próximos nem os mais seguros para o Open Arms, como os próprios responsáveis pela embarcação repetiram nos últimos dias, mas neste momento a Espanha é o único país disposto a recebê-lo como uma solução europeia".
"Indiquei a habilitação do porto de Algeciras para receber o Open Arms. A Espanha sempre age diante de emergências humanitárias. É necessário estabelecer uma solução europeia, ordenada e solidária, liderando o desafio migratório com os valores de progresso e humanismo da UE", escreveu o político socialista no Twitter.
Após a recepção do navio, será realizada "a repartição dos migrantes estipulada por seis países-membros da UE, entre eles a Espanha", explicou o governo.