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Após polêmica com Trump, 200 mil pessoas abandonam o Uber nos EUA

O boicote veio depois que o CEO Trevis Kalanick aceitou um convite do presidente para integrar sua equipe de conselheiros econômicos

Uber teria aproveitado o boicote para subir as próprias tarifas e se aproveitar da situação (Toby Melville/Reuters)

Uber teria aproveitado o boicote para subir as próprias tarifas e se aproveitar da situação (Toby Melville/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 7 de fevereiro de 2017 às 09h29.

Última atualização em 7 de fevereiro de 2017 às 10h02.

Se você não pode vencê-los, junte-se a eles. É isso que diz a máxima popular, e foi isso que o CEO da Uber, Trevis Kalanick, disse ao aceitar um convite do novo presidente Donald Trump para ser parte de um conselho de assessores econômicos da Casa Branca.

“Desde a fundação do Uber nós precisamos trabalhar com governos e políticos de várias orientações em dezenas de países “, disse Kalanick, justificando a medida em seu blog.

“Em alguns casos, nós tivemos que nos erguer e lutar para progredir, em outros, nós mudamos as coisas com persuasão e argumentação.”

A opinião pública do Vale do Silício, porém, não está em clima de conversa diplomática depois das medidas anti-imigração anunciadas por Trump na última semana — que incluem a suspensão temporária da entrada de pessoas de sete países árabes de maioria muçulmana nos EUA. Funcionários do Facebook, do Google e do Twitter, que dependem de mão de obra qualificada de outros nacionalidades, já organizaram protestos contra a política de segurança do novo morador da Casa Branca.

E no último domingo (5), Microsoft, Apple e outras 100 empresas de tecnologia — inclusive o próprio Uber — assinaram um documento oficial afirmando que o decreto presidencial “inflige um dano significativo aos negócios, à inovação e ao crescimento norte-americanos.”

A pressão sobre Kalanick, cujo meio de campo não agrada seus colegas mais radicais, aumentou ainda mais após um grande protesto surgir sem organização prévia no aeroporto internacional J.F. Kennedy, em Nova York, durante a libertação de dois refugiados iraquianos que haviam sido detidos ao tentar entrar no país.

Em solidariedade aos manifestantes, que segundo o New York Times chegaram às centenas ao longo dia, o sindicato dos taxistas da cidade autorizou a interrupção dos serviços no aeroporto entre as 6:00 e 7:o0 da noite do dia 28 de janeiro, um sábado.

O Uber teria aproveitado a deixa para subir as próprias tarifas e se aproveitar da situação, dizem alguns — citando um tweet publicado às 7:30, meia hora após o fim do protesto dos taxistas, em que o aplicativo afirmava ter desligado a função “surge pricing”, que aumenta as tarifas em locais de alta demanda.

Outros afirmam que, na verdade, a função foi desligada justamente para a empresa parecer “boazinha” e ganhar publicidade gratuita com a manifestação — mas que na hora em que as tarifas baixaram, já era tarde demais e os taxistas haviam voltado ao trabalho, o que escancarou a farsa.

Qualquer que seja a linha de raciocínio, o fato é que a medida foi considerada oportunista por opositores de Trump, e foi o gatilho para a campanha #DeleteUber, que, segundo o New York Times, já fez com que 200 mil pessoas abandonassem o aplicativo.

Diante da polêmica, na última quinta Kalanick desistiu de sua posição de conselheiro de Trump, confirmada desde dezembro do ano passado, mas que não tinha vindo à tona antes do caso de Nova York.

“Há muitas maneiras de lutar por mudanças nos decretos de imigração, e minha presença no conselho ficaria no caminho disso”, afirmou o CEO aos seus funcionários.

A medida, que deve melhorar a reputação do Uber no Vale do Silício, veio acompanhada do anúncio da criação de um fundo de 3 milhões de dólares para ajudar imigrantes e refugiados que dirigem para o aplicativo.

Este conteúdo foi originalmente publicado na Superinteressante.

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