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Após medidas polêmicas, autoridade do Fed é questionada

Republicanos criticam injeção de dólares e propõem diminuição das atribuições da entidade

Ben Bernanke, presidente do Fed, é alvo de críticas nos EUA e no mundo (Brendan Smialowski/Getty Images)

Ben Bernanke, presidente do Fed, é alvo de críticas nos EUA e no mundo (Brendan Smialowski/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 23 de novembro de 2010 às 16h45.

Washington - A autoridade do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) está sendo severamente questionada desde que a entidade decidiu emitir centenas de bilhões de dólares, num momento em que o governo federal enfrenta dificuldades para sustentar a recuperação econômica.

O Fed, que no dia 3 de novembro anunciou a intenção de injetar 600 bilhões de dólares no sistema bancário americano até julho de 2011, para acelerar a recuperação dos índices de emprego, tem recebido uma saraivada de críticas nos Estados Unidos e no exterior.

O banco central americano foi acusado por outros países de permitir a desvalorização do dólar para favorecer as exportações americanas, mas seus diretores negam a manobra.

No plano doméstico, os republicanos aproveitaram a vitória nas eleições legislativas do começo do mês para fortalecer o ataque à política monetária do Fed, acusando a instituição de minar o valor do dólar e contribuir para o aumento da inflação.

A bancada oposicionista, que conquistou a maioria na Câmara dos Representantes no pleito de meio de mandato, apresentou um projeto de lei que visa a simplificar a missão do Fed, tirando de suas mãos a responsabilidade de zelar pelo pleno emprego para que se concentre na estabilidade dos preços. No entanto, mesmo com a maioria, as chances de aprovação do projeto são pequenas.

A rebelião dos parlamentares contra o banco central já havia sido manifesta na batalha declarada após a decisão do presidente americano, Barack Obama, de confirmar Ben Bernanke por mais um período à frente do Fed. A proposta de Obama foi validada in extremis pelo Senado em janeiro.

Apesar de respeitado, Bernanke certamente não goza do prestígio de seu antecessor, Alan Greenspan, e a instituição que comanda está sendo acusada, acima de tudo, de não ter antecipado a crise, levando o país à ruína.

Vários ex-diretores do Fed reconhecem que a autoridade do banco está sendo alvo de críticas duríssimas, como não ocorria desde os anos 80. Nesta época, seus dirigentes foram acusados - ao contrário da situação atual - de concentrar-se no combate à inflação em detrimento da busca pelo pleno emprego.


O Fed se defende dos ataques alegando que o melhor meio de garantir hoje o valor do dólar é estimular a recuperação, e pede aos congressistas que assumam sua responsabilidade e considerem uma maneira de reduzir o déficit para complementar as iniciativas da administração em prol da recuperação.

Para o professor Phillip Swagel, ex-economista do Fed, o banco central americano "cruzou a linha que separa a política monetária da política orçamentária com suas últimas decisões".

"Uma vez que o Congresso contemplou medidas adicionais de estímulo orçamentário entes de renunciar a elas, não surpreende que os legisladores condenem o Fed por ter seguido este caminho", estimou.

Segundo Joseph Gagnon, ex-diretor da divisão de Assuntos Monetários do Fed, a intensificação das pressões políticas ameaça ter consequências sobre a ação do entidade, apesar da lei garantir a independência do banco central - o que alguns dos críticos mais ferrenhos de sua postura questionam.

Os dirigentes do Federal Reserve "não vivem em uma caixa impermeável ao mundo exterior. Eles veem que praticamente ninguém está pedindo que façam mais e que uma maioria pequena, mas barulhenta, diz 'basta'", acrescentou Gagnon, que trabalha como pesquisador no Paterson Institute.

No futuro, eles "pecarão por excesso de prudência", prognosticou.

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