Mundo

Após Katrina, Nova Orleans renasce graças aos latinos

Depois da passagem do furacão que destruiu a cidade em 12 horas, Nova Orleans avança em seu renascimento graças ao trabalho dos imigrantes latinos


	Homem anda de bicicleta na Bourbon Street, em Nova Orleans: às margens do rio Mississipi, a cidade está em dívida com os hispânicos que contribuíram para sua diversidade, crescimento econômico e transformação
 (Frederic J. Brown)

Homem anda de bicicleta na Bourbon Street, em Nova Orleans: às margens do rio Mississipi, a cidade está em dívida com os hispânicos que contribuíram para sua diversidade, crescimento econômico e transformação (Frederic J. Brown)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de julho de 2013 às 09h36.

Nova Orleans - A emblemática cidade Nova Orleans, no sul dos Estados Unidos, avança em seu renascimento graças ao trabalho dos imigrantes latinos, a pouco mais de um mês do oitavo aniversário do furacão "Katrina", que em 12 horas transformou o lugar em ruínas, causou mais de 1,7 mil mortes e deixou centenas de milhares de desabrigados.

Às margens do rio Mississipi e ao sul do lago Pontchartrain, a cidade conhecida como "Crescent City" e "The Big Easy" está em dívida com os hispânicos que contribuíram para sua diversidade, crescimento econômico e transformação.

O Conselho Nacional da Raça (NCLR), uma influente organização hispânica que data de 1968, escolheu Nova Orleans pela primeira vez para seu encontro anual de quatro dias, para fazer notar a marca indelével dos latinos em sua reconstrução.

Ao dar as boas-vindas no sábado a milhares de participantes de todo o país, o prefeito de Nova Orleans, Mitch Landrieu, disse que esta minoria foi uma peça chave para o enorme trabalho que deixou o "Katrina" após sua passagem no dia 29 de agosto de 2005.

"A comunidade latina foi essencial para o ressurgimento da cidade após o "Katrina". Nossa maior força provém da nossa diversidade", afirmou Landrieu.

O ressurgimento da cidade portuária segue uma simples realidade do mercado: nos EUA, cerca de um quarto dos trabalhadores da construção civil são de origem hispânica, e o "Katrina" criou uma forte demanda de trabalho.

De fato, um estudo da Universidade Tulane e da Universidade da Califórnia em Berkeley determinou que em 2006 cerca de metade da mão-de-obra para a reconstrução de Nova Orleans era latina, e 54% deles na condição de imigrantes ilegais. Assim, os latinos foram uma espécie de equipe de resposta rápida.


"Em nível nacional, os latinos contribuem para o fortalecimento de nossa economia e, embora sempre houvesse uma conexão com latinos e a América Latina, esta região viu um aumento porque muitos latinos foram contratados no setor da construção para reconstruir Nova Orleans", disse à Agência Efe Alicia Criado, assessora para assuntos de desenvolvimento econômico do NCLR.

"Os latinos não só estão mudando a demografia regional, mas estão aumentando a dependência por sua mão-de-obra. Uma firme liderança a favor de medidas que fomentem a integração dos latinos na região será essencial para que Nova Orleans possa continuar sua recuperação econômica", ressaltou.

Segundo a Prefeitura, o progresso é o "fio condutor" de Nova Orleans, que destinou US$ 14,5 bilhões para obras de infraestrutura, o fortalecimento de diques e medidas de proteção contra furacões.

No entanto, um breve percurso pelo Distrito 8, onde vivem residentes de baixa renda, e o Distrito 9, cheio de mansões e amplos jardins, mostra o avanço desigual da reconstrução.

Mesmo assim, o turismo retornou com força e em 2011 a cidade recebeu oito milhões de visitantes, que injetaram US$ 5 bilhões na economia local.

O estádio "Superdome", que o "Katrina" transformou em um campo de refugiados, foi rebatizado como "Mercedes-Benz Superdome" e é uma arena moderna e com letreiros com luzes de neon.

Apesar de cerca de 20% dos desabrigados pelo "Katrina" não terem retornado - a maioria afro-americanos -, os latinos foram enchendo esses espaços.


Segundo o Censo de 2012, os latinos são pouco mais de 5,2% do total de 369.250 habitantes da cidade, em comparação com 3,1% em 2000, e o aumento é ainda mais palpável em subúrbios como Kenner, - conhecido como "A pequena Honduras" -, onde os hispânicos passaram de 14% para 22% da população entre 2000 e 2010.

Com esse aumento - visível nas lojas e restaurantes ao longo de Williams Boulevard - floresceu a demanda por missas em espanhol, aulas de inglês, programas para crianças e serviços de assessoria em trâmites migratórios, entre outros.

A pluralidade étnica representa um desafio para uma cidade que agora enfrenta uma maior demanda por serviços médicos e sociais e, em alguns casos, atritos entre afro-americanos e hispânicos.

Da mesma forma que Landrieu, o ex-prefeito de Nova Orleans e presidente da Liga Nacional Urbana, Marc Morial, apoia uma reforma migratória e vê sinais de esperança.

"Esta nação está a caminho de se transformar na maior democracia multicultural no mundo. E esse futuro não se deve temer, mas esta nação tem que abraçá-lo", enfatizou Morial, que fez um pedido para que se continue "construindo pontes" e "trabalhando como amigos". 

Acompanhe tudo sobre:Desastres naturaisEstados Unidos (EUA)FuracõesPaíses ricos

Mais de Mundo

Justiça da Bolívia retira Evo Morales da chefia do partido governista após quase 3 décadas

Aerolineas Argentinas fecha acordo com sindicatos após meses de conflito

Agricultores franceses jogam esterco em prédio em ação contra acordo com Mercosul

Em fórum com Trump, Milei defende nova aliança política, comercial e militar com EUA