Mundo

Após impeachment, Lugo quer investigação de massacre

O massacre, sem precedentes no país, foi o estopim do julgamento político de Lugo no Congresso e provocou seu impeachment no dia 22 de junho


	O ex-presidente paraguaio, Fernando Lugo: "Há muito mais o que investigar sobre o acontecido em Curuguaty"
 (Norberto Duarte/AFP)

O ex-presidente paraguaio, Fernando Lugo: "Há muito mais o que investigar sobre o acontecido em Curuguaty" (Norberto Duarte/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de outubro de 2012 às 19h03.

Assunção - Ao criticar conclusões do Ministério Público, o ex-presidente do Paraguai Fernando Lugo falou nesta quinta-feira da existência de "interesses ocultos" por trás do massacre que custou seu cargo em junho e pediu a continuação das investigações sobre o fato.

"Há muito mais o que investigar sobre o acontecido em Curuguaty. Não foi um simples enfrentamento entre camponeses e policiais. Seria tão simples se acreditássemos nisso. Creio que houve uma mão negra, diabólica e violenta que provocou tudo isto", constatou Lugo.

O ex-presidente repercutiu assim a conclusão da investigação divulgada pelo Ministério Público na terça-feira sobre a morte de seis policiais e 11 trabalhadores rurais em um tiroteio ocorrido na ação de despejo de uma fazenda em Curuguaty, no dia 15 de junho.

"Sem dúvida, houve autores intelectuais e materiais, que desencadearam aquele chamado julgamento político. Por isso, hoje, três meses e meio depois, novamente dizemos que não estamos convencidos com as verdades parciais divulgadas", expressou Lugo em mensagem divulgada pelo site "Paraguay Resiste".

O massacre, sem precedentes no país, foi o estopim do julgamento político de Lugo no Congresso e provocou seu impeachment no dia 22 de junho.

Lugo foi substituído no cargo pelo então vice-presidente do país, Federico Franco, como estabelece a Constituição paraguaia diante desse tipo de situação.


"Dissemos e afirmamos que este governo que se instalou depois do golpe não tem a vontade nem o desejo de descobrir o que passou em Curuguaty", questionou o ex-governante, que sustenta ter sido vítima de um "golpe de Estado parlamentar".

"Vamos continuar investigando e a verdade não nos assusta, nos alegra. E, algum dia, saberemos exatamente o que aconteceu naquele fatídico 15 de junho, o chamado massacre de Curuguaty", afirmou.

Além dos mortos, 100 pessoas ficaram feridas durante a ação de despejo da fazenda de Curuguaty, cuja propriedade era disputada pelo recém falecido empresário e político colorado Blas N. Riquelme e o Estado.

O Ministério Público, que em seu relatório final sobre os fatos já não questiona que a propriedade fosse de Riquelme, sustenta que os policiais "caíram em uma emboscada preparada e planejada previamente por ocupantes armados", e o promotor do caso, Khalil Rachid, descartou as versões que apontavam para a atuação de franco-atiradores treinados.

A Plataforma de Estudos e Pesquisas de Conflitos Camponeses (PEICP) apresentou na quarta-feira um relatório paralelo no qual menciona que há provas em áudio do uso de fuzis automáticos e que estas armas foram a causa da morte dos policiais, atingidos com "disparos certeiros na cabeça e no pescoço", que só poderiam ter sido perpetrados por "atiradores especialistas".

Os camponeses detidos e processados após o massacre anunciaram que vão apresentar na próxima segunda-feira uma denúncia para exigir que o Ministério Público paraguaio abra novas linhas de investigação e não dê o caso como encerrado. EFE

Acompanhe tudo sobre:América LatinaFernando LugoImpeachmentParaguaiPolíticos

Mais de Mundo

Trump assina decretos para impulsionar mineração de carvão nos EUA

Casa Branca diz que cerca de 70 países pediram para negociar tarifas

Canadá anuncia que tarifas sobre alguns veículos dos EUA entram em vigor na quarta

Em alerta ao Irã, EUA aumentam a presença militar no Oriente Médio