Mundo

Após golpe no Níger, militares suspendem Constituição e anunciam general como líder

Estados Unidos, União Europeia e ONU condenam o golpe militar e ameaçam suspender a ajuda financeira ao país africano

Níger: o general Abdourahamane Tchiani foi nomeado o novo líder do país (Télé Sahel/Getty Images)

Níger: o general Abdourahamane Tchiani foi nomeado o novo líder do país (Télé Sahel/Getty Images)

Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 28 de julho de 2023 às 19h25.

Última atualização em 28 de julho de 2023 às 19h39.

Os militares consolidaram nesta sexta-feira, 28, o golpe que derrubou o primeiro governo democraticamente eleito no Níger. O general Abdourahamane Tchiani foi nomeado o novo líder do país africano, que teve a Constituição suspensa. Com isso, os poderes Executivo e Legislativo ficam unificados sob o comando de Tchiani.

Em discurso na TV estatal, o general disse que foi nomeado presidente da junta militar que derrubou o governo e justificou o golpe pela "deterioração da situação de segurança" no país.

Receba as notícias mais relevantes do Brasil e do mundo em primeira mão. Inscreva-se no Telegram da Exame

"A abordagem atual em matéria de segurança não foi capaz de proteger o país, apesar dos grandes sacrifícios do povo nigerino e do grato apoio de nossos aliados externos", afirmou o general.

A tomada de poder interrompe o mandato do primeiro presidente democraticamente eleito na história do Níger, Mohamed Bazoum, que está detido junto com a família há três dias.

A história do Níger é marcada por uma sucessão de golpes desde que o país declarou independência da França, na década de 1960.

Nesta sexta, 28, o presidente francês Emmanuel Macron fez coro aos apelos internacionais pela libertação de Bazoum e restituição da ordem democrática no país. "Este golpe de Estado é completamente ilegítimo e profundamente perigoso para os nigerinos, para o Níger e para toda a região", repreendeu Macron.

A tomada de poder pelos militares também foi condenada por vizinhos africanos, Estados Unidos, ONU e União Europeia, que ameaça suspender a ajuda financeira que fornece ao Níger.

Diante da repercussão, a junta militar alertou que é contra "qualquer intervenção militar estrangeira" em comunicado emitido logo após o discurso do general Tchiani.

Grupo Wagner 'oferece' serviços ao Níger

Depois dos golpes no Mali e Burkina Faso, que se aproximaram da Rússia após exigir a saída dos soldados franceses, o Níger era um dos últimos aliados das potências ocidentais na região que enfrenta um avanço de extremistas ligados ao Estado Islâmico e a Al-Qaeda.

Agora, o Níger parece ter o mesmo destino dos vizinhos. Na quinta-feira, antes que as manifestações fossem proibidas pela junta militar, centenas de apoiadores do golpe se reuniram na capital Niamey. Alguns, exibiam bandeiras da Rússia.

A Casa Branca disse que não vê sinais de envolvimento da Rússia ou do grupo Wagner no golpe que abala o país africano. A tomada de poder, no entanto, foi celebrada pelo chefe dos mercenários, Yevgeni Prigozhin, como resultado do que chamou "luta do Níger contra os colonizadores".

O áudio atribuído a Prigozhin que circula no Telegram exalta o que ele define como eficiência do grupo para estabilizar países africanos. Uma mensagem que soa como oferta.

"Milhares de combatentes do grupo Wagner são capazes de trazer ordem, destruir terroristas e não permitir que eles prejudiquem a população desses países", declarou o chefe dos mercenários.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaMilitaresONUEstados Unidos (EUA)União Europeia

Mais de Mundo

Novo líder da Síria promete que país não exercerá 'interferência negativa' no Líbano

Argentinos de classe alta voltam a viajar com 'dólar barato' de Milei

Trump ameaça retomar o controle do Canal do Panamá

Biden assina projeto de extensão orçamentária para evitar paralisação do governo