Donald Trump: presidente americano sugere que parar de fazer os 'briefings' sobre o coronavírus, após causar comoção por sugerir que os pacientes com COVID-19 podem ser tratados com injeção de desinfetante (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 26 de abril de 2020 às 10h39.
Última atualização em 26 de abril de 2020 às 11h25.
O presidente americano, Donald Trump, declarou em um tuíte postado neste sábado (25) que seus "briefings" diários sobre o novo coronavírus não valem seu tempo dois dias depois de provocar comoção ao sugerir que pacientes com Covid-19 deveriam ter desinfetante injetado no organismo para combater a doença.
O anúncio parece confirmar informações publicadas pela imprensa de que Trump estaria considerando suspender os "briefings", que dominam o noticiário na TV americana às vezes por mais de duas horas, manifestando frustração com as perguntas sobre sua estratégia para lidar com a pandemia.
"Qual o propósito de manter coletivas na Casa Branca quando a "Lamestream Media" (termo pejorativo com o qual conservadores como Trump se referem à grande imprensa) só faz perguntas hostis e depois se recusa a informar a verdade ou os fatos de forma precisa", escreveu Trump.
What is the purpose of having White House News Conferences when the Lamestream Media asks nothing but hostile questions, & then refuses to report the truth or facts accurately. They get record ratings, & the American people get nothing but Fake News. Not worth the time & effort!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) April 25, 2020
"Eles têm recordes de audiência e o povo americano não tem nada além de 'fake news'. Não vale o tempo e o esforço!", acrescentou.
Na quinta-feira o presidente causou assombro nos espectadores ao afirmar que os médicos deveriam tratar pacientes com o coronavírus emitindo luz ultravioleta dentro de seus corpos ou com injeções de desinfetante.
"Vejo que o desinfetante aniquila (o vírus) em um minuto. Um minuto. Há alguma forma de que possamos fazer algo assim com uma injeção? Porque você vê que o vírus chega aos pulmões e causa um tremendo estrago nos pulmões", afirmou.
Depois que especialistas médicos e fabricantes de desinfetantes repudiaram com veemência sua sugestão, Trump alegou na sexta-feira que ele fez a sugestão "de forma sarcástica".
Mas naquele dia, ele limitou o 'briefing', do qual costumam participar, além dele, o vice-presidente Mike Pence e membros da força-tarefa da Casa Branca para o Coronavírus, a apenas 19 minutos, e não respondeu perguntas dos jornalistas.
Neste sábado, depois de 50 'briefings' em dois meses, a Casa Branca não realizou nenhuma.
Trump usou os 'briefings' para ocupar a programação da TV e promover as políticas de sua administração, provocando críticas em seus adversários políticos, dos opositores democratas, à China, passando pela imprensa americana.
Mas depois da morte de 53 mil americanos pelo novo coronavírus, os 'briefings', indicam pesquisas de opinião, não impulsionaram a popularidade de Trump entre os eleitores, faltando meses para a disputa com o democrata Joe Biden pela Casa Branca em novembro.
Uma pesquisa da AP-NORC, publicada na quinta-feira, demonstrou que os americanos - e uma enorme maioria dos democratas - não acreditam em Trump no que diz respeito à emergência sanitária que o país enfrenta.